O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), seguiu a linha do gestor do Piauí, Wellington Dias, também petista, e evitou o tom de terceiro turno com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). “Queremos uma interlocução direta com o presidente da República.
Nós governadores, dentro de uma democracia, um regime federativo onde o povo elegeu seus representantes, esperamos que haja toda uma relação institucional e respeitosa”, cobrou Santana, apesar disso, nesta quarta-feira (21), dia em que os representantes do Nordeste se reuniram em Brasília e aprovaram uma carta pedindo uma audiência com Bolsonaro.
Na região, todos os Estados elegeram representantes do Partido dos Trabalhadores ou aliados da legenda.
Além de ser petista, o governador do Ceará é aliado de Ciro Gomes (PDT). “Da mesma forma que o próprio presidente eleito colocou recentemente, queremos construir um diálogo independente de partidos, pelo bem do povo.
Todos nós queremos um Brasil que possa crescer, gerar oportunidades e melhorar a vida das pessoas”, disse ainda Camilo Santana, pela assessoria de imprensa.
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Houve uma reunião de Bolsonaro com governadores eleitos no último dia 14.
Os representantes do Nordeste, no entanto, decidiram não ir e encaminhar um documento através do governador do Piauí.
O encontro havia sido convocado por João Doria (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro.
Paulo Câmara foi um dos que não foram à reunião com Bolsonaro.
O governador estava de férias e no lugar dele na gestão está o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Eriberto Medeiros (PP).
A vice-governadora eleita, Luciana Santos, deputada federal que é presidente nacional do PCdoB, seria a responsável por ir ao encontro em Brasília, mas faltou.
Ela afirmou que “os governadores do Nordeste, simplesmente, não aceitam terem como interlocutores os governadores do Centro-Oeste e Sudeste”.
Carta Uma nova carta com pedidos para Bolsonaro foi assinada nesta quarta-feira por representantes dos nove estados.
Entre as solicitações, a reforma tributária e a liberação de crédito para o Nordeste. “Esperamos que o ‘bolo’ possa ser dividido de forma mais equitativa.
Esse é um tema importante.
Que também possam ser garantidos os financiamentos para os estados brasileiros, principalmente os estados do Nordeste, que fizeram o seu dever de casa, mas muitas vezes têm dificuldades de aprovação dos seus empréstimos junto ao governo federal”, disse Camilo Santana. » Só um governador do Nordeste participa de encontro em Brasília » Será Bolsonaro o ‘novo Temer’ de Paulo Câmara? » Ministério quer entregar transposição antes da saída de Temer » Haddad vence no Nordeste e PT mantém hegemonia na região O documento cita que os estados foram afetados com a redução de repasses dos fundos de participação.
Na carta, os governadores pedem também debate acerca da prorrogação e ampliação da participação financeira da União no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Foto: Marcos Brandão/Divulgação O documento ainda cobra a retomada urgente de obras federais no Nordeste e a “celebração de um Pacto Nacional pela Segurança Pública, em que o Governo Federal assuma a coordenação e a execução de ações concretas no combate à criminalidade interestadual, a exemplo de assaltos a bancos, tráfico de armas e explosivos, atuação de facções criminosas, etc”.
Mais Médicos A última demanda dos governadores para Bolsonaro é sobre programa Mais Médicos, após o anúncio da saída dos médicos cubanos do projeto.
O documento manifesta “preocupação com o vazio assistencial que pode se produzir nos municípios”.
Os gestores pedem a imediata reposição dos profissionais.