O ex-presidente Lula (PT) citou a composição do governo Jair Bolsonaro (PSL), que está sendo formado, durante seu interrogatório à juíza Gabriela Hardt, em Curitiba (PR), nesta quarta-feira (14).

A magistrada sucedeu Sérgio Moro, que entrou de férias antes de pedir exoneração e assumir o Ministério da Justiça na futura gestão. “Dá-se a impressão de que ninguém ali é politico, mas, com raríssimas exceções, todo mundo ali é político”, disse Lula.

O petista foi interrogado no processo em que é acusado de receber R$ 1 milhão em propinas nas reformas de um sítio de Atibaia, em São Paulo.

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Esta foi a primeira vez que Lula deixou a sala especial na Superintendência da Polícia Federal onde está preso desde o dia 7 de abril.

O ex-presidente foi condenado no ano passado por Moro, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no processo que investigou a denúncia de recebimento de propina através de um apartamento triplex no Guarujá, em São Paulo.

Em janeiro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) manteve a condenação.

Em nota após a audiência, o Partido dos Trabalhadores divulgou uma nota em que afirma que Lula é “preso político”. “A perseguição a Lula ficou escancarada quando seu algoz, Sergio Moro, decidiu participar do governo que ajudou a eleger por ter condenado um inocente. É inadmissível, no estado de direito, que Moro continue controlando o processo por meio de uma juíza substituta, quando já deveria ter se exonerado, abrindo oportunidade para um juízo imparcial”, disse o PT.

Governo Bolsonaro Mais cedo, Bolsonaro anunciou o embaixador Ernesto Araújo para o Ministério de Relações Exteriores.

Antes disso, havia escolhido o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS); o economista Paulo Guedes para a Economia; o general Augusto Heleno para o Gabinete de Segurança Institucional, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) para a Agricultura; o astronauta Marcos Pontes para Ciência e Tecnologia; o general Fernando Azevedo e Silva para a Defesa; além de Moro para a Justiça.