Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo Não se diz que uma conversa puxa outra? É precisamente o acontece em nosso cotidiano.
Como hoje cedo, ao encontrar velho amigo, ex-preso político nos anos 70 e 80: — Prefeito, a situação está difícil, né?
E aquele seu otimismo como fica? — Fica onde sempre onde esteve, aqui na minha “cuca”… — Mesmo com as fake news?
As notícias falsas veiculadas pelas redes sociais e pelo aplicativo WhatsApp, como se sabe, tiveram enorme papel deletério no último pleito e seguem fazendo estragos.
Muitas são manjadas: absurdas no conteúdo, apócrifas, precariamente redigidas.
Mas assim mesmo são passadas adiante, numa espécie de compartilhamento mórbido.
Gente que pensa e se movimenta no campo que chamo de progressista e de esquerda, infelizmente, parece ter se deixado contaminar por uma espécie de masoquismo insidioso, na razão direta em que absorve as fake news.
E as divulgam, em escala!
Fazem o gol contra. É como que raciocinassem assim: — A situação é tão difícil, a extrema direita conquistou o governo da nação, muita coisa ruim vem por aí e é bem possível que o que estão dizendo aqui seja mesmo verdade, e não alarme falso.
Agora mesmo, nesses dias em que assumo mais uma vez a chefia do governo municipal (em razão de viagem do prefeito Geraldo Julio ao exterior), parte do meu tempo tem sido dedicado a rebater informações errôneas sobre a nossa gestão.
Tipo suspensão de concursos previstos, interrupção das atividades do Paço do Frevo e que tais.
Reagir é preciso.
Sobretudo para os que se situam no lado de cá da quebra de braço política, condenados a amargar quatro anos de uma gestão que sugere tempo muito bicudo mesmo.
Miguel Arraes, com quem convivi por cerca de vinte e quatro anos, em situações complexas e aparentemente desfavoráveis, costumava me rotular de “otimista irrecuperável”.
Pois sou mesmo.
Apesar dos castigos, da trama dos inimigos e da dispersão momentânea dos que resistem.
Otimismo fantasioso, não; sim apoiado na compreensão de que a evolução da sociedade humana se dá permanentemente impulsionada pelas contradições reais.
Nesse sentido, a História conspira a nosso favor - em médio e longo prazo.