Em nota divulgada neste domingo (11), a Comissão Executiva Nacional do PT criticou o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas.

Ele afirmou, em entrevista à Folha de S.

Paulo, que, ao tuitar sobre impunidade na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula (PT) no Supremo Tribunal Federal (STF), em abril, “conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite”.

A Executiva do Partido dos Trabalhadores classificou a entrevista como “grave”. “Ele confessa ter interferido diretamente para impedir o Supremo Tribunal Federal de conceder habeas corpus ao ex-presidente Lula, em abril deste ano”, diz o PT. “Ao afirmar que, a seu critério, a liberdade de Lula seria motivo de ‘instabilidade’, o general confirma que a condenação do maior líder político do país foi uma operação política, com o objetivo de impedir que ele fosse eleito presidente da República”.

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Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática.

Me lembro, a gente soltou [o post no Twitter] 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota”.

E conclui: “Alguns me acusaram… de os militares estarem interferindo numa área que não lhes dizia respeito.

Mas aí temos a preocupação com a estabilidade, porque o agravamento da situação depois cai no nosso colo. É melhor prevenir do que remediar”.

Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais. — General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) 3 de abril de 2018 O comandante do Exército disse que quer “evitar que a política entre novamente nos quartéis”.

Ele negou que Bolsonaro represente os militares. “A imagem de Bolsonaro como militar é uma imagem que vem de fora.

Ele saiu do Exército em 1988.

Ele é muito mais um político”, disse. “Estamos tratando com muito cuidado essa interpretação de que a eleição dele representa uma volta dos militares ao poder.

Absolutamente não é”, afirmou ainda. “E nós estamos trabalhando com muita ênfase para caracterizar isso, porque queremos evitar que a política entre novamente nos quartéis”.

O PT rebateu. “O general Villas Bôas afirma querer ‘despolitizar’ as Forças Armadas, mas sua confissão compromete os comandos militares com o golpe e demonstra que eles exercem de fato uma tutela inconstitucional sobre as instituições, jogando inclusive com a liberdade de um cidadão injustamente condenado”, disse. “A entrevista compromete a cúpula das Forças Armadas com a visão autoritária do processo político de Jair Bolsonaro, que faz graves ameaças à oposição, por meio de declarações e textos que circulam nas redes sociais”.