O Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco abriu nesta quinta-feira (8) duas investigações para apurar a ocorrência de ameaças e insultos contra professores e estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Essa semana, circularam no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) panfletos sem assinatura que afirmam que docentes e estudantes serão banidos do centro, alegando posicionamentos políticos, pelo gênero ou pela orientação sexual.

A Polícia Federal afirmou que vai iniciar os procedimentos cabíveis, mas que não vai se pronunciar sobre investigações em andamento.

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Em ambas, o MPF pediu à reitoria da UFPE mais informações sobre o caso.

O Ministério Público quer saber, por exemplo, se foram identificados eventuais responsáveis pelos panfletos e se ainda há materiais expostos ou sendo distribuídos na universidade.

Além disso, a UFPE foi questionada se será oferecido acolhimento e suporte institucional aos discentes e docentes intimidados e se adotou medidas em relação às ameaças. » Mendonça Filho é especulado para ministro da Educação » No 2º turno, UFPE defende ‘direitos humanos, liberdade e democracia’ » Para Humberto Costa, Temer e Mendonça são responsáveis pelo ‘sucateamento que derrubou’ a UFPE » Comissão especial da Câmara tentará votar ‘Escola sem Partido’ » MPF quer que STF julgue inconstitucionais projetos de Escola Sem Partido » Mendonça Filho se posiciona contra Escola Sem Partido Os núcleos de direitos humanos das defensorias públicas da União e do Estado divulgaram uma nota afirmando que viram com preocupação a divulgação dos panfletos. “A citada manifestação anônima vai de encontro aos princípios básicos do ensino no ordenamento jurídico brasileiro, dentre os quais a ’liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber’, do ‘pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas’ e o ‘respeito à liberdade e apreço à tolerância’”.

Panfletos No texto de um dos panfletos, um professor é apontado como “comunista” e “esquerdista”.

Outro é descrito: “esse doutrinador é uma ameaça à moral e aos bons costumes cristãos.

O mesmo possui um exército de viados, travecos, feminazis, prostitutas e todos os tipos de degenerados que atentam contra a família”.

Em seguida, orientandos são citados com o uso desses termos.

Resposta da UFPE A universidade disse repudiar “ameaças e insultos” feitos por panfletos e nas redes sociais. “A UFPE não admite, sob qualquer hipótese, que a violência ameace as liberdades de cátedra e individuais.

A Universidade defende a academia como o espaço para o pluralismo de ideias.

Denúncias de casos como esses podem ser encaminhadas para a Ouvidoria-Geral da UFPE, por meio do site da Universidade”, disse ainda, em nota.

Nessa quarta-feira (7), foi aberta uma sindicância interna para apurar a autoria dos panfletos.

A universidade procurou o Ministério Público e a Polícia Federal para pedir a investigação do caso.