Pedro Josephi Advogado, mestre em Direito e Professor Antes de mais nada vale salientar que sou e farei oposição democrática ao governo eleito e isto não significa desejar mal ao Brasil ou aos brasileiros, pelo contrário é por zelo a coisa pública e a nossa soberania que os opositores se posicionam, é por divergências ideológicas e programáticas que falamos, e esse papel faz parte da democracia.

Os governos do PT enfrentaram duríssima oposição, sendo o PSDB (Aécio Neves) o principal protagonista de um setor que não aceitou inclusive o resultado eleitoral que levou à instabilidade política e ao impeachment.

Quem disse e faz essa autocrítica é o próprio presidente tucano.

Dito isto, vamos lá: 1) Relações Internacionais.

Bolsonaro se alinha ideologicamente (ou seja, nada técnico) aos EUA sem nenhuma contrapartida e à Israel sem necessidade e atraiu para si um protagonismo beligerante em um conflito geopolítico delicado na Palestina ao anunciar a mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para a terra santa (nenhum outro país civilizado fez isso, com exceção dos próprios EUA); entrou em rota de coalisão com o mundo árabe (grande parceiro comercial do Brasil, muito maior do que Israel, sobretudo no agronegócio), o que já comprometeu as relações diplomáticas com o Egito e disse que iria rever o comércio com a China e com o MERCOSUL, nossos principais parceiros comerciais.

Ao que tudo indica Bolsonaro se afasta a passos largos da postura tradicional da diplomacia brasileira de autodeterminação dos povos e não intervenção e pode causar graves prejuízos econômicos para nossa balança comercial. 2) Bolsonaro anunciou que irá reduzir e fundir ministérios, embora isto não dê bilhão (como diz Ciro), por amor ao debate teria direito como gestor de fazê-lo, mas não repassou ao povo brasileiro quais os critérios para as fusões e extinções.

Nada apresentado.

Ventilou fundir o Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente para ver se colava, não colou, “recuou”, mas já advertindo que no meio ambiente não teria um nome da área.

E isto pode ocasionar também impactos no comércio, pois os países europeus exigem níveis satisfatórios de proteção ao meio ambiente e de respeito ao desenvolvimento sustentável para manutenção da bilateralidade.

Demonstra a ausência de qualquer estudo político estrutural que referencie alguma reforma nesse sentido, além de constantemente proferir palavras preconceituosas, intolerantes e raivosas contra as comunidades tradicionais e indígenas, o que já provoca repúdio pela comunidade internacional. 3) Reforma previdência.

Bolsonaro e sua equipe de transição não medem esforços para dizer que concordam com a proposta de Reforma da Previdência de Temer, na qual os privilégios dos militares, do judiciário e dos políticos não são cortados.

Ora, quer apenas que o povo pobre pague a conta, e isto contradiz com seu jargão eleitoral.

Ademais querem que o Congresso atual vote a reforma, ora, no mínimo deveria reiniciar o debate na próxima legislatura. 4) Combate fake à corrupção, pois no pretenso ministério há denunciados por receberem propina e na equipe de transição há integrante condenado por estelionato e preso pela Lei Maria da Penha.

Ainda assim, outro integrante da sua equipe de transição é justamente um dos sócios daquelas empresas investigadas por repassarem mensagens com fakenews no Whatsap sem ter sido contabilizado como gasto de campanha (caixa 2). 5) Sérgio Moro.

Ao convidar o juiz que julgou seu principal adversário político, Bolsonaro faz evidenciar a suspeita iminente de que Moro não exerceu seu trabalho de forma imparcial e sim dentro de uma agenda eleitoral, como repercutiu a imprensa internacional. 6) Imprensa.

Qualquer figura pública ou quem exerça cargo político tem que estar preparado para lidar com a imprensa, é republicano e democrático.

Mas, Bolsonaro dá todas as demonstrações que não sabe conviver com as críticas e não respeita à liberdade de imprensa e de expressão.

Censurar alguns veículos ou impedir que eles acompanhem as agendas presidenciais demonstra muito mais fraqueza de quem não tem segurança para defender suas ideias do que força e autoridade, na verdade, flerta com o autoritarismo.

A imprensa está no papel dela de investigar, apurar, apontar os erros e mesmo que o presidente discorde não pode utilizar as verbas de propaganda oficial para fazer política ou perseguir alguns setores.

Basta lembrar que o PT sofreu uma dura vigilância da imprensa em seus governos e nunca teve este expediente autoritário. 7) Por fim (quer dizer até agora), Bolsonaro quer modificar a metodologia de como se calcula o desemprego no Brasil, fórmula utilizada pela OIT no mundo todo. É isso mesmo, leitor.

Assim é “fácil” retirar as pessoas do desemprego, basta maquiar as estatísticas.

Além do que pretende acabar com o Ministério do Trabalho e Emprego.

Terrível.

Perigoso.

Bem, estes são alguns dos erros iniciais de Bolsonaro que despertam a preocupação do mundo todo, e claro vão continuar a sofrer críticas por parte da oposição democrática brasileira.

Esse é o nosso papel.