Agência Brasil - O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta terça-feira (6) a votação, ainda neste ano pelo Congresso Nacional, de uma “parcela do texto atual” da reforma da Previdência já aprovada em comissão especial da Câmara dos Deputados.

Guedes propôs também que a discussão de sua proposta sobre um novo sistema, ancorado na capitalização, comece no ano que vem. “Seria um saldo positivo para o governo que sai e para o que entra”, afirmou.

Na segunda-feira (5) o presidente eleito, Jair Bolsonaro, propôs que se aprove neste ano pelo menos a idade mínima para aposentadoria, que ele estimou em 61 anos para homens e 56 para mulheres.

Na proposta que está na Câmara, as faixas são de 65 e 62 anos, respectivamente.

Hoje Bolsonaro voltou a mencionar que discutirá o assunto com o presidente Michel Temer amanhã (7), em reunião no Palácio do Planalto.

Bolsonaro disse que a reforma será “a possível, a proposta que tenha votos (para ser aprovada).

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Segundo o economista, além da Previdência, o novo governo, tão logo assuma, pretende se dedicar também à desburocratização, simplificação tributária e privatização – temas que também terão de ser analisados pelo Legislativo.

As declarações foram dadas na portaria do Ministério da Fazenda, antes de Guedes se reunir com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, a quem irá suceder.

Repartição A continuidade do sistema de repartição, em que os trabalhadores da ativa financiam integralmente o pagamento das aposentadorias atuais, é um crime contra os futuros trabalhadores, disse também nesta terça-feira (6) Paulo Guedes. “Precisamos trazer para as futuras gerações um sistema previdenciário diferente. É um crime para as futuras gerações continuar no sistema de repartição”, afirmou.

Em entrevista a jornalistas ao chegar ao Ministério da Fazenda, Guedes defendeu a aprovação do texto atual em tramitação no Congresso para viabilizar uma reforma mais profunda a partir do próximo ano, que envolva a migração para o modelo de capitalização dos jovens que entrarem no mercado de trabalho. “Aprova-se a reforma que está aí.

Aprova isso rápido.

Tira essa nuvem negra no horizonte.

Isso nos dá tempo para o novo regime”, afirmou o futuro ministro.

Está na minha cabeça.

Terminar aproveitando essa reforma e começamos o ano que vem essa transição para a força de trabalho mais jovem para o regime de capitalização”, declarou Guedes. » Congresso espera sinalização de Bolsonaro sobre reforma da Previdência » Bolsonaro indica que quer acelerar reforma da Previdência » Nova Câmara defende reforma da Previdência, mas rejeita a de Temer » Só existe um norte que é o da nossa Constituição, diz Bolsonaro » PSL de Bolsonaro resiste a apoiar recondução de Maia na Câmara O futuro ministro, que se reuniu com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, considerou natural a desconfiança dos políticos em relação à capitalização da Previdência (quando o trabalhador contribui para uma poupança individual que financia a própria aposentadoria). “É absolutamente natural que haja uma desconfiança, como no caso da implementação de um regime de previdência capitalizado, não só do presidente eleito, como da classe política quando não se conhece o assunto”, declarou.

Para o futuro ministro da Economia, o atraso na reforma da Previdência tem travado a economia brasileira e impedido o país de crescer. “Se ela tivesse sido feita há dez anos, o Brasil estaria crescendo de 4% a 5% ao ano.

Como não fizemos isso, a economia está travada e cheia de problemas fiscais até hoje.

Como economista, entendo que, se tirarmos esse obstáculo da frente agora, primeiro teremos um belo encerramento do governo Temer.

Terá sido um governo de transição com um bom ímpeto de reformas.

Segundo, abre-se um novo governo só com notícias positivas”, destacou.

Articulação Segundo Guedes, a necessidade de aprovação do texto atual em tramitação tem sido colocada ao futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, como necessidade de dar prosseguimento a outras reformas estruturais, como a tributária, a desburocratização e a abertura da economia brasileira.

Guedes listou cinco problemas principais do sistema brasileiro de previdência: a bomba demográfica (o envelhecimento da população que aumenta o volume de aposentadorias e pensões pagas); o financiamento por repartição, que destrói empregos formais; a mistura de assistência social com previdência (com o pagamento de benefícios a quem não contribuiu); a falta de capitalização, que impede ao trabalhador carregar as contribuições para o futuro, e, por fim, as falhas de gestão.