Estadão Conteúdo - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quinta-feira (1º) ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), acertou na escolha do juiz federal Sérgio Moro para assumir o comando do superministério da Justiça e ressaltou que não há perda para a Lava Jato com o futuro desligamento de Moro das investigações em Curitiba. “É um grande quadro, sem dúvida alguma, e tem relevante serviço a prestar.
Caso se confirme a saída dele do Judiciário, (Moro) tem tudo para prestar bons serviços ao Executivo.
O presidente acertou, sem dúvida alguma, eu no lugar do futuro presidente Jair Bolsonaro também tentaria compor uma grande equipe, inclusive com o juiz Sérgio Moro”, disse Marco Aurélio à reportagem.
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Delegados aprovam indicação Indagado se os rumos da Operação não poderiam ficar comprometidos com o desligamento de Moro, Marco Aurélio respondeu: “Não, porque temos ’n’ juízes federais capazes de tocar a Lava Jato.
Não há qualquer perda para a operação e para os processos alusivos à Lava Jato.
Ninguém é insubstituível nessa vida”.
Para o ministro, o juiz federal é exemplo em termos de servidor público. “Evidentemente o que ele fez até aqui o fez com grande publicidade e acompanhamento dos contribuintes, com isenção.
Precisamos parar no Brasil de presumir o extravagante, o excepcional.
Temos de presumir a postura digna e é o que eu presumo ao juiz Sérgio Moro”, comentou Marco Aurélio. ‘Excelente’ O ministro Luiz Fux, do STF, também elogiou nesta quinta-feira a escolha do juiz federal Sérgio Moro para comandar o superministério da Justiça. “A sua escolha foi a que a sociedade brasileira faria, se consultada”, disse o ministro.
Na avaliação de Fux, o juiz federal é um “excelente nome” e “símbolo da probidade e da competência”.
Para o ministro, a escolha de Sergio Moro foi “por genuína meritocracia”. » Decisão de Moro é positiva para ‘causa anticorrupção’, diz Dallagnol » É ‘um ganho’ ter Moro no Executivo, diz Jungmann » PT diz que ‘máscara’ de Moro caiu e cobra julgamento no CNJ » Com saída de Moro, juíza Gabriela Hardt assume Lava Jato Para um terceiro ministro do STF, que pediu para não ser identificado, a ida de Moro ao superministério da Justiça foi uma “jogada de marketing” do governo Bolsonaro - com data de validade - e colocará o magistrado no centro do debate político, vulnerável a críticas sobre a sua futura gestão.
Para esse integrante do STF, juízes, de uma forma geral, são “péssimos gestores” e a futura nomeação de Moro dá munição ao discurso do PT de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato, é alvo de perseguição política e de julgamento parcial.
Procedimentos O corregedor nacional de Justiça, Humberto Martins, disse nesta quinta-feira ao Broadcast Político que os procedimentos disciplinares que tramitam no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para apurar a conduta do juiz federal Sérgio Moro na Operação Lava Jato serão “analisados no tempo certo”.
Cabe ao CNJ julgar processos disciplinares e aplicar sanções administrativas contra juízes. “Os casos de Sérgio Moro serão analisados no seu tempo.
O corregedor nacional analisará tudo dentro do tempo, independentemente de ser indicado ministro, não ser indicado.
Não sei nem qual será a minha decisão, vou analisar caso a caso”, disse Martins à reportagem. » ‘Moro ajudou a eleger Bolsonaro e agora vai ajudar a governar’, diz Gleisi » Bretas: Competência profissional e dignidade pessoal não faltam a Moro » Ao chegar ao Rio, Moro diz que País precisa de agenda anticorrupção » Mulher de Moro comemora vitória de Bolsonaro nas redes sociais Três conselheiros ouvidos reservadamente pelo Broadcast Político divergem sobre o destino dos procedimentos instaurados pelo órgão para apurar a conduta de Moro na Lava Jato.
Para um deles, os casos devem ser extintos no CNJ após a exoneração de Moro, enquanto outro conselheiro acredita que há precedente no órgão que poderia permitir a continuidade do processo, mesmo com o desligamento do juiz federal de suas funções.
Um terceiro conselheiro avalia que a questão está em aberto e poderá ser discutida pelo plenário do CNJ.