Mesmo após três semanas com a campanha mais morna, com a maioria dos candidatos ao governo aliados garantindo a vitória ainda no primeiro turno, Fernando Haddad (PT) conseguiu vencer Jair Bolsonaro (PSL) novamente no Nordeste no segundo turno.

No dia 7 de outubro, a região, que é a segunda maior do País e tem 39 milhões de eleitores, foi decisiva para levar a disputa para este domingo (28), em que o petista superou o adversário nos nove estados.

Apesar dos resultados na região, Bolsonaro foi eleito presidente da República, com 55,13% dos votos válidos, enquanto Haddad teve 44,87%.

Veja os números: No primeiro turno, a única exceção havia sido o Ceará, onde Ciro Gomes (PDT) foi o mais votado.

Lá, o pedetista obteve 40,95% dos votos, enquanto Haddad, em segundo lugar, ficou com 33,12% e Bolsonaro, em terceiro, com 21,74%.

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A manifestação pública nunca veio.

Ciro virou meme ao soltar um “aí dentro!” contra um eleitor que gritou o nome de Bolsonaro durante a coletiva de imprensa após a sua derrota, ainda no dia 7.

Também falou um “ele não”, expressão que ganhou força entre eleitores contrários a Bolsonaro.

Na mesma semana, o PDT anunciou “apoio crítico” a Haddad e, em seguida, Ciro viajou para a Europa, de onde voltou na sexta-feira (26).

Era esperado um vídeo anunciando o apoio, mas, em material divulgado no sábado (27), ele pedia que o brasileiro votasse “com a democracia, contra a intolerância e pelo pluralismo”. “Se não posso ajudar, atrapalhar é o que eu não quero”, dizia ainda.

O irmão de Ciro, o senador eleito pelo Ceará, Cid Gomes (PDT), já havia provocado constrangimento ao afirmar a militantes: “Lula está preso, babaca”.

O pedetista cobrou mea culpa e acusou a cúpula do partido e dar do jogo como vencido, deixando de apoiar Haddad.

Após apoiadores de Bolsonaro usarem as suas declarações contra o petista, Cid enfatizou o voto no candidato do PT.

Sobrou para Haddad se apoiar no governador reeleito do estado, Camilo Santana (PT), aliado dos Gomes.

Camilo obteve 79,96% dos votos no primeiro turno, buscados pelo correligionário que disputava a presidência.

Haddad visitou o Ceará a uma semana do segundo turno.

Capitais Nos últimos dias de campanha, o petista também priorizou o Nordeste.

Esteve no Recife (PE), em João Pessoa (PB) e em Salvador (BA).

Apesar de ter vencido no primeiro turno na maioria dos estados, considerando apenas as capitais, perdeu para Bolsonaro em cinco delas: Aracaju, Natal, Recife, João Pessoa e Maceió.

Desta vez, em seis: Aracaju, Fortaleza, Recife, Salvador, São Luis, Teresina.

Veja como ficaram os resultados: Governadores eleitos Apesar de ser uma demonstração da força do partido na região, a vitória dos governadores aliados de Haddad na maioria dos estados deixou o petista sem palanque na região.

Dos nove estados, o PT elegeu filiados e apoiadores em oito, em três com mais de 70% dos votos: Renan Filho (MDB), em Alagoas, com 77,30%; Rui Costa (PT), na Bahia, com 75,50%; Camilo Santana (PT), no Ceará, com 79,96%; Flávio Dino (PCdoB), no Maranhão, com 59,28%; João Azevêdo (PSB), na Paraíba, com 58,18%; Paulo Câmara (PSB), em Pernambuco, com 50,70%; e Wellington Dias (PT), no Piauí, com 55,65%.

Sem o ritmo de campanha, a figura de Haddad perdeu espaço nos atos de rua.

Reeleito no primeiro turno, Paulo Câmara, por exemplo, agiu nos bastidores a favor de Haddad e não foi visto atos de campanha de rua no segundo turno. “Eu estou indo para a rua, fiz reunião com prefeitos.

A campanha de rua está acontecendo com a militância, eu tenho que governar Pernambuco.

Não tem ausência, desde o primeiro dia, no discurso da vitória, eu declarei o apoio”, defendeu o governador ao Blog de Jamildo na última quinta-feira (25), em evento com o petista no Recife.

Restaram palanques diários para Haddad apenas no Rio Grande do Norte, onde Fátima Bezerra (PT) venceu.

Ela disputou com Carlos Eduardo (PDT).

O cenário é uma reviravolta em um estado marcado pelo revezamento das famílias Alves, Maia, Rosado e Faria no poder.

Lá, apesar do apoio crítico dos pedetistas a Haddad, o candidato do partido declarou apoio a Bolsonaro.

Além do RN, teve Sergipe, onde quem venceu foi Belivaldo Chagas (PSD).

Ele, que foi vice-governador na gestão de Jackson Barreto (MDB), derrotado para o Senado, tinha o PT na chapa, com a vice, Eliane Aquino.

Disputou com Valadares Filho (PSB).

Com os resultados, o PT elegeu filiados ou aliados em todos os estados do Nordeste.