Derrotada no primeiro turno após receber 1% dos votos, a ex-senadora Marina Silva (Rede) declarou voto no presidenciável do PT, Fernando Haddad, a menos de uma semana do segundo turno.
Em nota, a candidata lembrou que desde o início de outubro o partido recomendou que filiados e simpatizantes não votassem em Jair Bolsonaro (PSL), criticando o adversário do petista. “Pelo perigo que sua campanha anuncia contra a democracia, o meio-ambiente, os direitos civis e o respeito à diversidade existente em nossa sociedade”, diz.
Marina afirmou na nota que Bolsonaro faz comentários “grotescos, tecnicamente insustentáveis e desinformados” sobre pautas ambientais. “Chega ao absurdo de anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura.
Com isso, atenta contra o interesse da sociedade e o futuro do país.
Ademais, desconsidera os direitos das comunidades indígenas e quilombolas, anunciando que não será demarcado mais um centímetro de suas terras, repetindo discursos que já estão desmoralizados e cabalmente rebatidos desde o início da segunda metade do século passado”, afirmou. “É um projeto que mostra pouco apreço às regras democráticas, acumula manifestações irresponsáveis e levianas a respeito das instituições públicas e põe em cheque as conquistas históricas desde a Constituinte de 1988”. “Nome de Deus em vão” “Sei que, com apenas 1% de votação no primeiro turno, a importância de minha manifestação, numa lógica eleitoral restrita, é puramente simbólica.
Mas é meu dever ético e político fazê-la”, disse ainda. “Outro motivo importante para a definição e declaração de meu voto é a minha consciência cristã, valor central em minha vida”. “É um engano pensar que a invocação ao nome de Deus pela campanha de Bolsonaro tem o objetivo de fazer o sistema político retornar aos fundamentos éticos orientados pela fé cristã que são tão presentes em toda a cultura ocidental.
A pregação de ódio contra as minorias frágeis, a opção por um sistema econômico que nega direitos e um sistema social que premia a injustiça, faz da campanha de Bolsonaro um passo adiante na degradação da natureza, da coesão social e da civilização.
Não é um retorno genuíno ao mandamento do amor, é uma indefensável regressão e, portanto, uma forma de utilizar o nome de Deus em vão. É melhor prevenir.
Crimes de lesa humanidade não tem como se possa reparar”.
Apesar do voto em Haddad, Marina também criticou o Partido dos Trabalhadores. “Os dirigentes petistas construíram um projeto de poder pelo poder, pouco afeito à alternância democrática e sempre autocomplacente: as realizações são infladas, não há erros, não há o que mudar”.