Não é verdade que o presidenciável Fernando Haddad (PT) tem uma Ferrari amarela e que usou o veículo para ir ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, nesta campanha eleitoral.
O vídeo que acompanha o boato foi, na realidade, gravado em 2016, quando o então prefeito da capital paulista andou na carona do automóvel durante evento de inauguração de obras no Autódromo de Interlagos.
Nas peças de desinformação compartilhadas nas redes sociais, junto com o vídeo de 30 segundos é disseminada uma frase com informações falsas: “O candidato dos pobres, chegando ontem a tarde no aeroporto de Congonhas em SP, numa FERRARI que vale R$ 1.800.000,00 (sic)”.
Uma busca pelos termos “são paulo”, “haddad”, “ferrari” e “interlagos” no Google traz evidências sobre a real circunstância do vídeo com Haddad desembarcando do carro amarelo.
A gravação foi feita em 29 de outubro de 2016, quando dois prédios para a infraestrutura do autódromo, gerido pelo município de São Paulo, foram inaugurados.
A inauguração foi reportada por veículos de imprensa (como aqui, aqui e aqui).
A Prefeitura de São Paulo também registrou a inauguração em seu site.
Fotos do evento estão no Flickr da administração municipal.
Na ocasião, Haddad percorreu o circuito a bordo de dois carros da marca Ferrari.
Um vermelho e outro amarelo.
Este aparece, acelerando, nos instantes finais de reportagem institucional da prefeitura.
No domingo, 14 de outubro, o hoje presidenciável se manifestou sobre o boato. “Chegaram a dizer que eu sou dono de uma Ferrari porque eu fui fazer, fui inaugurar a pista de Interlagos e estava um membro da família Ermírio de Moraes que me convidou pra estrear a pista…
E eu passei a ser dono da Ferrari dele?
Isso está circulando na internet”, afirmou.
Na declaração de bens entregue pelo candidato à Justiça Eleitoral, não há nenhum automóvel registrado em nome dele.
Versões do boato estão circulando desde o dia 10 de outubro, no Facebook e no Twitter.
Em algumas postagens, o conteúdo falso foi visto mais de 100 mil vezes.
O material também é um dos mais compartilhados no WhatsApp, segundo a ferramenta Monitor de WhatsApp, desenvolvida por pesquisadores da UFMG.
O Fato ou Fake e o boatos.org já publicaram desmentidos sobre esta informação falsa.
Projeto Comprova Iniciado neste mês de agosto, o projeto Comprova já desenvolve suas operações de combate à desinformação e a conteúdos enganosos na internet durante a campanha eleitoral.
Coordenada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a coalizão reúne 24 organizações de mídia de todo o Brasil, e checa textos, imagens e áudios sem origem definida.
Nenhum conteúdo poderá ser publicado até que três diferentes redações concordem com as etapas de verificação anexadas ao relatório sobre uma informação avaliada, em um processo conhecido como “crosscheck”.
O objetivo do projeto é identificar e minar técnicas sofisticadas de manipulação e amplificação online.
O fluxo de trabalho foi projetado para incentivar a investigação colaborativa entre redações, que poderão continuar após as eleições. É possível sugerir checagens pelo WhatsApp da iniciativa, no número (11) 97795-0022.