A eleição em Alagoas foi, possivelmente, a mais previsível do País.

Em um cenário político de polarização nacionalmente, o governador do estado, Renan Filho (MDB), conseguiu se reeleger com 77,99% dos votos válidos no momento em que 81,48% haviam sido apuradas.

Como?

Sem concorrentes.

O principal adversário dele, o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTC), 25 anos depois de sofrer impeachment, desistiu.

A seu favor emedebista tinha ainda a máquina pública e uma coligação de 19 partidos, a maior aliança local.

Além disso, tinha o “fator Lula”, o apoio do ex-presidente.

O segundo colocado, Josan Leite (PSL), tinha 10,47% quando 81,48% haviam sido apuradas.

Lula tinha 53% das intenções de voto no estado, segundo o Ibope, no fim de agosto, quando teve a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral.

Diante do quadro eleitoral e buscando a reeleição, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), pai do governador, buscou o apoio do petista.

Após o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), comandado por ele como presidente do Senado e com o seu apoio, o emedebista passou a criticar o correligionário Michel Temer (MDB) e apoiar Lula.

Também investigado na Operação Lava Jato, classificou a prisão do ex-presidente como “ilegal, acima da Constituição e política”.

Renan afagou Lula na caravana dele pelo Nordeste, em 2017.

Questionado pela militância do partido, antes de ser preso, o petista defendeu que, pelo sistema político brasileiro, para governar é necessário fazer alianças, mesmo que pontuais. “Renan pode ter todos os defeitos, mas ele me ajudou a governar o País”, afirmou. “Se eu quero para mim que todos são inocentes até que se prove o contrário, serve para ele também.

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula Quando Fernando Haddad (PT) substituiu o ex-presidente na campanha, também foi recebido pela família Calheiros.

As pesquisas de intenção de voto já mostravam a disparada do filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Na última realizada pelo Ibope antes do primeiro turno, divulgada na sexta-feira (5), Renan Filho tinha 83% dos votos válidos.

O segundo colocado, Pinto de Luna (Pros), vinha apenas com 8%.

Mesmo quando Collor era candidato, Renan Filho estava à frente - na pesquisa Ibope de 16 de agosto, o ex-presidente tinha 22% e o governador, 46%.

Collor desistiu no dia 14 de setembro, alegando não ter apoio dos aliados.

Não se sabe se a justificativa era real, mas era verdade que os candidatos dos partidos aliados, entre eles PSDB, DEM, PP e PSB, ignoravam a sua candidatura.

O candidato ao Senado tucano, Rodrigo Cunha, e o ex-governador Teotônio Vilela Filho, do PSDB, por exemplo, não quis subir no palanque.

Collor era impopular e o resultado foi o mesmo que a relação dos candidatos com o presidente Michel Temer (MDB): de tentar desviar do caminho dele para não se “contaminar” com a rejeição.