O governador da Bahia, Rui Costa (PT), já tinha a reeleição prevista nas pesquisas de intenções de voto e o resultado foi confirmado neste domingo (7).

O petista foi reeleito com 75,86% dos votos no momento em que 77,71% das urnas haviam sido apuradas.

Com esse cenário, ele ajudou Fernando Haddad (PT) na campanha presidencial.

Em vez de participar de um evento no ABC paulista, berço político do ex-presidente Lula, como era o plano inicial, Haddad fez uma caminhada na Bahia, ao lado de Jaques Wagner, candidato ao Senado.

O candidato do PT à Presidência Fernando Haddad marcou de última hora uma caminhada em Feira de Santana, a maior cidade do interior da Bahia, para a manhã deste sábado (6), véspera da eleição, para encerrar a primeira fase da disputa.

Não se trata de coincidência.

Haddad precisa dos votos do Nordeste para barrar o crescimento de Bolsonaro e o governador da Bahia, Rui Costa, é o principal cabo eleitoral na região.

Não foi por outro motivo que a campanha do petista decidiu aproveitar os momentos finais da disputa presidencial para tentar barrar o avanço de Jair Bolsonaro (PSL) sobre o eleitorado de Lula.

O plano inicial do PT era focar a região Sudeste na reta final da campanha.

Trackings da campanha petista mostraram que Bolsonaro cresceu nos últimos dias entre o eleitorado de baixa renda do Nordeste, única região onde o candidato petista tem vantagem sobre o deputado.

Na campanha do PT, havia o receio de que Haddad crescesse no Nordeste, como cresceu, mas não o suficiente para compensar a perda de outra regiões.

O Nordeste representa cerca de 27% dos votos do Brasil.

A Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do País.

Há outra coincidência associada à visita ao interior baiano.

José Ronaldo, líder da chapa de oposição na Bahia e candidato ao governo pelo DEM, é ex-prefeito de Feira de Santana.

Na campanha, ele tentou encarnar um discurso crítico em relação ao PT e ensaiou até uma aproximação com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

No Estado, os críticos dizem que José Ronaldo é uma espécie de Geraldo Alckmin da Bahia.

Assim como ex-governador paulista, é um fenômeno eleitoral em seu próprio reduto, mas não empolgou o eleitorado que não o conhece.

Antes, em desvantagem nas pesquisas, José Ronaldo pedia votos para o candidato do PSDB, Geraldo Alckmim.

ACM Neto já havia dito mais de uma vez que não arredaria o pé da aliança, ao menos até o fim do primeiro turno.

Na Bahia, o governador da Bahia Rui Costa (PT) caminhava para uma reeleição tranquila com 61% das intenções de voto contra 11% de seu principal adversário José Ronaldo (DEM).

Com essa força, havia prometido dar a maior votação do País em números absolutos ao presidenciável do PT), além de eleger os dois senadores da chapa e fazer uma grande bancada de deputados.

Tudo o que o PT precisava.

Como foi construído este favoritismo?

A chapa do petista contou com 14 partidos, alguns do Centrão.

O Estado vem votando com o PT desde Jaques Wagner, que comandou o Estado de 2007 a 2014, antes de legar a administração ao correligionário.

Foi como se, depois de 2006, o PT tivesse tomado o lugar do carlismo, de ACM.

O deputado federal José Carlos Aleluia, do Democrata, já tentou explicar. “Os adversários tem medo de contrariar Lula e o PT.

Ajudam a criar um mito, como se estivessem contra os pobres”, já afirmou.

A sorte e a operação Lava Jato também ajudam o baiano Rui Costa.

Em setembro de 2017, a Polícia Federal descobriu um bunker com R$ 51 milhões em um apartamento ligado a Geddel Vieira Lima (MDB).

O político era um dos principais líderes da oposição e então virtual candidato ao Senado numa chapa que seria liderada pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

O grupo oposicionista parecia em rota ascendente até 2016.

Depois disto, na véspera da data limite para a desincompatibilização do cargo, ACM Neto desistiu de ser candidato ao governo e anunciou que permaneceria na prefeitura de Salvador.

O grupo de oposição acabou implodindo e os prefeitos debandaram de vez para a base do governador do PT.

Antes disto, o DEM havia tentado atrair para suas bases partidos que eram aliados do governador Rui Costa, mas não teve sucesso, na tentativa de se recompor e isolar o estrago causado pelo MDB de Gedel.

Na Bahia, Michel Temer (MDB) transformou-se num aliado tóxico.

O governo federal é reprovado por 92% dos baianos.

A alta rejeição de Temer fará com que, este ano, na oposição ao presidente, o PT siga na contramão da história e pavimente mais quatro anos à frente do governo baiano.

Será a quebra de um tabu de 60 anos.

Desde 1958, todos os governadores eleitos na Bahia eram aliados do então presidente em exercício.

Contas estaduais em dia Uma gestão equilibrada ajuda na boa avaliação.

O petista conseguiu manter as finanças equilibradas, com os investimentos em alta, como a construção da segunda linha do metrô de Salvador.

A obra é um símbolo para os baianos. “Em maio a uma crise gigantesca, na qual vários estados atrasaram salários, paralisaram obras e se desarrumaram completamente, nós conseguimos manter o estado de pé”, afirmou o governador, ao UOL.

Não que o Estado não tenha problemas.

Após três anos e meio de governo, os indicadores não são exatamente favoráveis ao petista.

A Bahia tem 1,1 milhão de desempregados e outros 887 mil desalentados.

A violência cresceu nos últimos anos e o estado tem o maior número absoluto de mortes violentas —foram 7.110 em 2017.

Na educação, a Bahia ocupa última posição no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2017 nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.

Entre 2015 e 2017, nota do ensino médio regrediu de 3,1 para 3,0 frente a uma meta de 4,6.