Bolsonaro acabou derrubando os tucanos do muro.

Com a direita saindo do armário no Brasil, a implosão do PSDB, nestas eleições, deve levar muitos dos tucanos ao divã, antes que novas eleições batam à porta, no pleito municipal.

Antes, como acontece em todas as eleições, deve haver um processo de caça às bruxas, para a devida expiação dos culpados.

Sujeito a críticas de tucanos e aliados, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin manteve a estratégia de se colocar como alternativa moderada entre dois extremos, Haddad e Bolsonaro.

Só que não funcionou.

Com a polarização, o caminho do meio se perdeu.

As forças em disputa estavam mais interessadas em medir forças e não achar uma ponte para o futuro, com uma concertação nacional.

LEIA TAMBÉM » Com Lula como cabo eleitoral, Paulo Câmara impõe nova derrota a Armando Monteiro » Rifada pelo PT, Marília Arraes é petista mais votada e leva partido de volta à Câmara em PE » Dizendo-se ‘filho da esperança’, João Campos é o mais votado em Pernambuco » No mesmo palanque, Humberto e Jarbas são eleitos para o Senado » Ex-ministros de Temer são derrotados para o Senado em PE Antes mesmo do fim desta etapa, o deputado federal Bruno Araújo (PSDB), presidente do PSDB no Estado e candidato ao Senado por Pernambuco, disse que a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) foi mal gerida e sugeriu que João Doria (PSDB) – candidato ao governo de São Paulo – seria o nome ideal para a disputa pelo Planalto em 2018.

Alckmin obteve 4,78% dos votos válidos no momento em que 99,06% haviam sido apuradas.

Bolsonaro tinha 46,21% e Haddad, 28,97%.

Foto: Leo Motta/JC Imagem Ao ser perguntado se achava que a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) tinha sido mal gerida, devido ao baixo desempenho do presidente nacional do PSDB nas pesquisas de intenção de voto, Bruno Araújo concordou. “Acho que sim, acho que sim, acho que faltou vigor nas ideias.

O eleitor brasileiro hoje exige firmeza nos pensamentos, exige que se desapegue de cuidados para algumas reflexões”, afirmou, sem citar a coragem de Jair Bolsonaro em criticar o marxismo cultural.

O tucano disse que com o perfil que a disputa assumiu, João Doria (PSDB) seria a pessoa que teria o ‘perfil’ para disputar as eleições presidenciais de 2018 dentro de seu partido. » Bolsonaro e Haddad decidirão eleição para presidente no segundo turno » ‘Ele não, sem dúvida’, diz Ciro após resultado das urnas » Após virada, Coutinho consegue eleger sucessor na Paraíba » Em primeiro discurso após 1º turno, Bolsonaro ressalta problemas em urnas eletrônicas » ‘Nós queremos unir os democratas do Brasil’, diz Haddad “Quem tem essa característica no PSDB é o Doria, mas o governador Alckmin poderia ter avançado nesse tipo assertivo.

Agora, ele sempre deu clareza, a posição dele sempre foi linear nas quatro vezes que disputou o governo de São Paulo.

O estilo do governador Alckmin é um estilo que nós conhecemos e sabíamos que ia ser esse, não foi o estilo que foi absorvido até aqui mas espero que aconteça ainda”, contou.

Bruno Araujo admitiu que o PSDB pode sair ‘menor’ após o fracasso na disputa eleitoral. “Nanico não, mas o PSDB pode terminar menor nesta eleição dada a expectativa que foi gerada”, admitiu.

Antes mesmo do primeiro turno, com o candidato Geraldo Alckmin patinando nas pesquisas, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, um dos caciques em São Paulo, afirmou, nas redes sociais, que havia sido um erro o acordo do PSDB com os partidos de centro. “Ganhamos tempo de TV, mas perdemos o discurso da ética”, afirmou.

Foto: Ciete Silverio/Divulgação - Foto: Ciete Silverio/Divulgação Foto: Ciete Silverio/Divulgação - Foto: Ciete Silverio/Divulgação Foto: Ciete Silverio/Divulgação - Foto: Ciete Silverio/Divulgação Foto: Ciete Silverio/Divulgação - Foto: Ciete Silverio/Divulgação Foto: Ciete Silverio/Divulgação - Foto: Ciete Silverio/Divulgação No caso de Bolsonaro, a falta de alianças partidárias – em consequência da qual seu tempo de televisão e sua participação no fundo eleitoral são irrisórios– termina sendo uma vantagem para aquele candidato, contra quem o “Centrão” e toda a mídia se levantou.

Na prática, reforça a ideia de que ele, e só ele, representa a aversão a tudo quanto aí está.

De fato, o opositor Jair Bolsonaro, pelas redes sociais também, não perdia a oportunidade de apresentar os tucanos como farinha do mesmo saco, igual ao PT de Lula e cia.

Em certo sentido, o PSDB sofre os mesmos problemas que o PT, cujo líder, mesmo preso, insiste em não se aposentar, de modo a não ser esquecido.

O ex-presidente FHC age do mesmo jeito, mas no caso preso ao próprio ego.

Na campanha, até o nome do candidato do partido errava, como se preferisse o adversário Fernando Haddad, de quem é amigo. » Em SE, Belivaldo (PSD) e Valadares Filho (PSB) disputam governo no 2º turno » Com 94,15% das seções apuradas no PI, Wellington Dias (PT) é reeleito » Operação montada pelo Palácio dá certo e Raul Henry e Renildo Calheiros são eleitos » Maranhão: Em mais uma vitória contra o clã Sarney, Flávio Dino é reeleito » Com caciques no alvo, Fátima Bezerra vai para 2º turno com Carlos Eduardo no RN Também pode ser lembrado como equívoco a adesão do partido, mesmo dividido, ao governo Temer, quando era presidido pelo senador Aécio Neves, depois envolvido na operação Lava Jato e hoje tentando se eleger deputado federal por Minas Gerais.

Como o partido aderiu ao governo que sucedeu Dilma, acabou virando sócio da impopularidade de Temer, quando seu governo naufragou.

Em junho deste ano, o porcentual de impopularidade de Temer era de 79%.

Já a população que avalia a administração atual como boa ou ótima manteve-se em 4%, a mesma observada em junho.

As sequelas do processo de afastamento do presidente Temer também tiveram seu preço na disputa.

Temer ficou eternamente irritado com Geraldo Alckmin, por ter liberado a bancada federal de São Paulo para votar contra o presidente, de modo a ter algum discurso nas eleições.

Não por outra razão, o candidato do MDB, Henrique Meirelles, fustigava o tucano, nos debates televisivos, em toda oportunidade que tinha.

Foto: Nelson Almeida/AFP Não custa lembrar que o pedido de uma política com ética foi a grande motivação dos protestos de junho de 2013.

Para alguns analistas, o Brasil disse ali que não suporta mais a corrupção dos políticos, venha de onde vier, seja de que lado for.

Afinal, o País não tinha “corrupto favorito”.

Nestas eleições, o PSDB pensava que poderia culpar apenas o PT, mantendo a polarização histórica. “Ninguém mais do que ele parece encarnar a antipolítica, ou seja, a rejeição da política como ela vem sendo habitualmente praticada entre nós – com esse cortejo de trocas, cambalachos, promiscuidades, a que, bestificados, assistimos todos os dias. É a revolta contra a quadrilha – eles não! – que destruiu o Brasil”, escreveu, de forma clara, o professor de direito José Luiz Delgado, da UFPE.

Namoro com Bolsonaro antes do primeiro turno Durante participação na sabatina entre os candidatos ao Senado do Resenha Política da TV JC, o deputado federal Bruno Araújo (PSDB) disse, ao enfatizar a negativa sobre a possibilidade de apoiar o PT em um possível segundo turno contra Jair Bolsonaro, que não descartou apoio ao candidato do PSL. ?

Sobre quem apoiar caso Geraldo Alckmin (PSDB) ficasse de fora do segundo turno, como ocorreu, Bruno Araújo dizia que “o PT não é o caminho” e que não anda com o partido. “Uma coisa é certa: eu não voto no PT.

Eu sou um agente que tem algum grau de influência dentro do partido e eu não ando com o PT”. “Há uma conta enorme e aí é discutir com sociedade e o partido, mas tenho que certeza que o PT não é caminho para o País.

Vai ter que discutir (apoio a Bolsonaro)”, disse ao ser perguntado sobre apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno, não descartando a possibilidade.

Em uma fala protocolar, Bruno disse então acreditar que Alckmin ainda podia surpreender às vésperas da eleição e chegar ao segundo turno. “Não tem mágica, é decisão do eleitor.

Em São Paulo já tivemos movimentos bruscos em dia de eleição, se o Estado fizer conta de que o voto útil é Alckmin, pode catapultá-lo para o segundo turno, mesmo havendo uma distância hoje”, ressaltou.

Para os petistas, Lulismo e antilulismo, protagonistas dos grandes embates desde junho de 2013, vão finalmente se defrontar em situação de equilíbrio, agora.

Sem os tucanos no páreo.

FHC já disse que, em um eventual segundo turno sem Alckmin, o PSDB iria para Haddad, de quem é amigo.

Na reta final, os jornais de São Paulo informavam que avolumaram-se comentários de que Alckmin deveria ter mirado prioritariamente o petista, para se beneficiar da rejeição ao ex-presidente Lula e seu partido.

No entanto, a sua campanha considerou necessário desconstruir Bolsonaro.

Avaliou-se a posteriori que, com isso, boa parte do eleitorado de direita que costumava votar no PSDB se sentiu mais representada pelo capitão reformado, que atacou sem parcimônia o petismo.