Os deputados federais Bruno Araújo (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) foram dois dos principais articuladores do impeachment e ministros de pastas estratégicas no governo Michel Temer (MDB), a de Cidades e a de Educação, respectivamente.

Candidatos ao Senado em Pernambuco, esperavam que os cargos ocupados nacionalmente tivessem influência sobre os resultados nas urnas, mas foram derrotados pelos dois postulantes da chapa do governador Paulo Câmara (PSB), opositor de Temer: o deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB) e o senador Humberto Costa (PT), eleitos com 25,76% e 21,51% dos votos, respectivamente.

Mendonça conseguiu 19,58% com o mesmo percentual de urnas apuradas e Bruno, 13,91%.

Na reta final, Mendonça Filho estava em terceiro lugar nas pesquisas de intenções de voto.

Na última realizada pelo Ibope, em parceria com o Jornal do Commercio e a TV Globo, divulgada nesse sábado (6), aparecia com 19% dos votos válidos; Jarbas com 26% e Humberto com 25%.

Para tentar reverter nas últimas semanas, passou a criticar o emedebista, seu aliado histórico, e Humberto, opositor nos últimos anos.

Bruno já não estava bem posicionado, com 11%, e buscou o apoio de aliados do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), como o senador Magno Malta (PR-ES) e o grupo do coronel Luiz Meira (PRP).

O parlamentar, que é presidente estadual do PSDB, tentou se distanciar de Geraldo Alckmin.

Com isso, ambos subiram sete pontos nos votos totais entre os dias 2 e 6 de outubro.

Mendonça Filho deixou o cargo no governo Temer em abril, por exigência da Justiça Eleitoral.

Já Bruno Araújo, saiu no fim do ano passado, por decisão do PSDB, que já planejava a candidatura de Alckmin à presidência e preferiu se descolar da gestão emedebista, desaprovada em Pernambuco, por exemplo, por 87%, segundo o Ibope.

Por causa disso, ficaram no alvo do palanque adversário, que usou a estratégia de apelidar o grupo de “turma de Temer”.

Deu certo.

Nem Bruno nem Mendonça usaram na campanha o nome do presidente.

Por outro lado, tanto um quanto o outro exploraram ações dos respectivos ministérios principalmente no guia eleitoral na televisão.

A coligação dos dois, que teve a chapa encabeçada pelo senador Armando Monteiro Neto (PTB), surgiu em um evento do Ministério das Cidades, em Caruaru, no Agreste pernambucano, em agosto de 2017.

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo Temer no Senado, anunciou no palanque a formação de uma frente de oposição ao governador Paulo Câmara (PSB), que não estava no evento oficial.

Quatro anos depois, no palanque contrário Na eleição de 2014, Bruno e Mendonça estavam com Paulo.

A aliança foi fechada por influência de Jarbas.

Os ex-ministros romperam, no entanto, com a Frente Popular em 2016 porque o governador pediu os cargos do PSDB e do DEM na gestão porque as siglas lançaram as candidaturas do deputado federal Daniel Coelho (hoje no PPS) e da deputada estadual Priscila Krause, respectivamente, à Prefeitura do Recife, contra Geraldo Julio (PSB).

Em 2016, os ex-ministros não ajudaram a eleger os candidatos às prefeituras nas maiores cidades pernambucanas.

O DEM esteve com o emedebista nas cinco últimas eleições.

O PSDB, em quatro.

O próprio Mendonça foi vice-governador de Jarbas e candidato à sua sucessão - embora tenha sido derrotado por Eduardo Campos, em 2006.

Bruno Araújo foi líder do governo Jarbas em 2003, quando era deputado estadual.

O tucano, de 46 anos, é formado em Direito e está hoje no terceiro mandato como deputado federal.

Em 2016, ficou conhecido nacionalmente como o parlamentar que deu o 342º voto que autorizou a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Jarbas, da mesma forma que Bruno e Mendonça, era opositor ferrenho ao Partido dos Trabalhadores.

Ele foi contrário - e voto vencido - ao apoio da sua legenda à do então presidente, Lula.

Dizia: “o partido tem errado muito”.

Este ano, foi eleito na mesma chapa que Humberto Costa (PT).

O parlamentar também era opositor do PSB.

Porém, a aproximação dos socialistas foi nas eleições de 2012, em um gesto com o ex-governador Eduardo Campos (PSB) que chamou atenção na política pernambucana, ao convidar o socialista para o seu tradicional cozido.

Os dois haviam disputado a eleição de 2010, vencida por Eduardo ainda no primeiro turno.

Coube, então, ao neto de Miguel Arraes devolver a derrota sofrida pelo avô para Jarbas em 1998.

Mas a briga com o PSB começou em 1992.

Mendonça é filho do ex-deputado federal José Mendonça Bezerra, nome histórico do PFL (hoje DEM) e articulador da União por Pernambuco, coligação adversária de Miguel Arraes e Eduardo Campos.

Ocupou o primeiro cargo eletivo em 1986, sendo deputado estadual constituinte, sendo reeleito para a Assembleia quatro anos depois e eleito deputado federal em 1994.

Na Câmara, foi autor da emenda da reeleição.

Após ser vice de Jarbas duas vezes, foi derrotado por Eduardo no segundo turno em 2006 e em 2008 e 2012, por João da Costa (PT) e Geraldo Julio (PSB), respectivamente, para a Prefeitura do Recife.

Em 2010, conseguiu voltar para a Câmara na coligação do emedebista, derrotada para o governo do Estado.

Quatro anos depois, já na Frente Popular e ao lado do governador Paulo Câmara (PSB), foi reeleito.

Após articular o impeachment de Dilma, assumiu o Ministério da Educação.