O Rio Grande do Norte é um Estado onde o governador, mesmo com a máquina pública na mão, não conseguiu se reeleger.

Atrasando salários de servidores em meio à crise fiscal e investigado em um suposto esquema de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa, Robinson Faria (PSD) conseguiu apenas 11,85% dos votos válidos no momento em que 99,86% das urnas haviam sido apuradas.

A senadora Fátima Bezerra (PT) foi a mais votada, com 46,14% também quando 99,86% das urnas haviam sido apuradas e vai para o segundo turno com o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT), que tinha 32,48%.

Nesse cenário, o Rio Grande do Norte pode interromper o revezamento das famílias Alves, Maia, Rosado e Faria no poder estadual, caso a vencedora no segundo seja Fátima Bezerra.

Os principais nomes dessas famílias estão no alvo da Operação Lava Jato. É o caso do ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (MDB), condenado por corrupção no mesmo processo que Eduardo Cunha (MDB-RJ).

Garibaldi Alves (MDB) foi denunciado junto a outros caciques do partido, entre eles Renan Calheiros e José Sarney.

Agripino Maia (DEM) é réu no Supremo Tribunal Federal (STF).

Carlos Eduardo é primo de Henrique Eduardo e Garibaldi Alves, embora não use o sobrenome.

Ele construiu a carreira política de forma independente e já brigou com parentes.

Hoje, é apoiado pelos primos.

Bezerra leva na campanha o nome do ex-presidente Lula (PT), condenado na Lava Jato.

Antes de Lula ser impugnado pela Justiça Eleitoral, enquadrado na Lei da Ficha Limpa, tinha, segundo o Ibope, 53% das intenções de voto no Rio Grande do Norte.

Em entrevista à Folha de S.

Paulo, Carlos Eduardo disse recentemente que o uso do nome de Lula é uma forma de marketing da adversária, acusando a petista de não apresentar propostas para o Rio Grande do Norte, carregando a bandeira de “Lula livre”.

Independentemente das divergências no campo político, ambos defendem a recuperação fiscal do Estado.

A petista chegou a apoiar Faria, mas rompeu durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) e hoje critica a gestão, enfatizando que o Estado não tem capacidade de investimento.