Do relatório da FGV sobre as eleições nas redes No último debate dos candidatos à Presidência antes do primeiro turno das eleições, na TV Globo, a ausência de Jair Bolsonaro se fez bastante relevante nas redes sociais.
Bolsonaro — que, simultaneamente ao debate, deu uma entrevista à TV Record — foi o presidenciável mais citado no Twitter durante a transmissão do evento, acumulando 563,3 mil menções entre as 22h de quinta-feira, 04 de outubro, e a 01h de sexta-feira (05), seja em função do impacto de sua entrevista, seja a partir do debate associado a seus adversários.
Ficou bem à frente de Ciro Gomes, que registrou 455,9 mil tuítes e despontou como segundo candidato mais citado.
No total, nesse período, foram 1,64 milhão de referências aos sete participantes na rede social, mais Bolsonaro.
Vice-líder nas pesquisas de opinião, Fernando Haddad foi citado 266,5 mil vezes, atrás de Guilherme Boulos, cujo comentário sobre a ditadura militar representou o ápice de discussões políticas no Twitter: Boulos teve 402,1 mil menções ao longo do evento da TV Globo, e, por volta das 22h30m, foi responsável pelo pico de referências aos presidenciáveis, com média de 17,7 mil tuítes por minuto.
A título de comparação, o debate da TV Globo de 2014, que ocorreu em 02 de outubro, no mesmo período de tempo foram 1,08 milhão de tuítes sobre os então participantes — portanto, com crescimento de 52% no volume de menções no Twitter em quatro anos.
Também participaram Marina Silva (143,3 mil tuítes), Geraldo Alckmin (91 mil), Henrique Meirelles (98,7 mil) e Alvaro Dias (74 mil).
Nas duas primeiras horas de confronto entre os candidatos, coincidindo com a entrevista de Bolsonaro (que se iniciou às 22h, junto com o debate), foi mais aquecida na rede social a discussão política, com 1,23 milhão de menções registradas.
Já para o fim, houve forte queda no volume de interações entre os perfis no Twitter, com Ciro superando Bolsonaro como candidato mais destacado entre a 0h e a 01h desta sexta.
A transmissão na Globo se encerrou por volta de 0h45m, e, durante a exibição do debate, foram 660 mil tuítes com a hashtag #debatenaglobo, com ou sem fazer referência aos presidenciáveis.
Em um debate de pouco impacto específico de pautas ou agendas de políticas públicas, a despeito das temáticas que faziam parte das perguntas do evento, a busca por espaço entre os dois polos que se apresentam como os favoritos ao segundo turno, Haddad e Bolsonaro, deu o tom das discussões entre os presidenciáveis e nas redes, para além de piadas e ironias sobre os candidatos e o cenário político.
A questão econômica, porém, se sobressaiu a outros assuntos, com predomínio de associações a Haddad, que recordou ações dos governos do PT e discutiu questões voltadas ao combate à desigualdade e a direitos trabalhistas, e a Bolsonaro, criticado pelos adversários por declarações que já deu sobre o tema e por posições do candidato a vice, general Hamilton Mourão, e do economista Paulo Guedes.
O deputado federal do PSL também foi o presidenciável mais citado em discussões sobre corrupção, a partir do discurso de rejeição às atuais estruturas políticas, e no tema em que sempre se apresenta com predomínio frente aos demais, segurança pública.
Bolsonaro também foi citado em comentários sobre questões de gênero, junto de Marina, com foco nas manifestações do movimento #elenão no último fim de semana contra o candidato, engajadas nas redes sociais principalmente por mulheres.
Haddad, ministro da Educação durante os governos de Lula, foi o mais associado ao tema no debate, e novamente a agenda de saúde pública obteve impacto muito inferior ao de outros temas, como já se verificava desde o começo da campanha eleitoral dos candidatos à Presidência.
Facebook No Facebook, o distanciamento de repercussão de Bolsonaro frente aos demais candidatos se fez mais evidente: o candidato do PSL obteve 2,34 milhões de interações (comentários, reações e compartilhamentos) em sua página oficial na rede nas publicações que fez nesta quinta-feira, com dados atualizados até a 1h da madrugada de sexta.
Esse volume foi cerca de dez vezes superior ao obtido, no mesmo período, por Ciro e Haddad, que disputaram o segundo lugar no Facebook praticamente empatados.
Para Bolsonaro, isso representou aumento de 49,6% no volume de interações que conseguiu engajar em relação a esta quarta-feira (03); para Ciro, o aumento foi de 15,2% no volume de interações, enquanto Haddad teve queda de 4,2%.
No entanto, o candidato com maior proporção de aumento de interações por conta do debate foi Boulos.
Acompanhando o expressivo impacto, no Twitter, do comentário que fez sobre a ditadura militar, o presidenciável do PSOL viu seus engajamentos subirem 1.366,7% entre quarta e quinta no Facebook, ficando à frente de Marina e Alckmin, que estão com melhores números nas pesquisas de intenção de voto.
Dentre os oito presidenciáveis analisados, o tucano foi o que menos conseguiu obter interações com sua página no Facebook, caindo 57,2% em relação a quarta-feira (03).
Meirelles, que mais que dobrou o volume de engajamentos, e Alvaro Dias, que teve aumento de 81,3%, também tiveram melhores números de interações nesta quinta, em comparação ao dia anterior.
Mapa de interações Construído a partir de 1.059.365 retuítes, o mapa de interações do debate sobre os presidenciáveis apresentou volume muito baixo de atuação de robôs (1,7% do total de interações), diferentemente do aumento constante de participação de atividade automatizada no debate político nas últimas semanas, e indicou a formação de cinco principais grupos no debate.
Em rosa, o grupo que inclui a base de apoio a Ciro Gomes teve o maior número de perfis (32,8%), com apenas 0,1% de perfis identificados como robôs e 1,5% de retuítes provenientes de contas automatizadas.
Vale ressaltar que a fala de Boulos sobre a ditadura foi forte componente temático da discussão dos perfis a interagir nesse campo do mapa de interações durante o debate da Globo.
O grupo em vermelho, que reúne perfis tradicionalmente alinhados ao PT e à candidatura de Haddad, teve Boulos como principal engajador.
O grupo respondeu por 32,7% dos perfis do mapa, 0,2% de perfis automatizados e 1,2% de interações de robôs.
Também agregou o núcleo de apoio a Marina Silva, embora com baixo impacto nos fluxos de discussão do grupo.
Já Bolsonaro persiste solidificado com a base de apoio em azul, reunindo 18,1% dos perfis, dos quais 0,3% foi de robôs e 2,9% das interações provenientes de atividades automatizadas.
Apesar do volume mais baixo de perfis, em comparação com os grupos em rosa e vermelho, o núcleo pró-Bolsonaro agregou 26,9% dos retuítes.
O grupo contrário a Bolsonaro, mas não alinhado a nenhum outro candidato, perdeu espaço, caindo a 6,6% dos perfis (grupo em amarelo) durante o debate, com somente 0,15% de retuítes feitos por um único robô identificado no grupo.
Já Alckmin e João Amoêdo (que não participou do debate na TV Globo) ficaram no núcleo em laranja, com 5,9% dos perfis, com só 15 perfis automatizados, mas relevante atividade de retuítes provenientes destes: 1,5% do total de interações do grupo.