No último debate para o governo de Pernambuco, os candidatos colocaram em primeiro plano a discussão sobre suspeitas de corrupção no programa promovido pela TV Globo, na noite desta terça-feira (2).

O tema foi levantado pelo senador Armando Monteiro Neto (PTB), que citou as operações Torrentes, Fair Play e Lava Jato contra o seu principal adversário, o governador Paulo Câmara (PSB).

Os dois trocaram acusações.

Participaram do debate também a advogada Dani Portela (PSOL) e o ex-deputado federal Maurício Rands (Pros).

Horas antes do debate, a pesquisa realizada pelo Ibope em parceria com o Jornal do Commercio e a TV Globo apontou um crescimento de quatro pontos percentuais do socialista, que chegou a 38% das intenções de voto.

O petebista se manteve em 27%.

LEIA TAMBÉM » Paulo chama Armando ‘ministro do desemprego’ em debate » Parafraseando Boulos, Dani Portela aponta ’50 tons de PSB’ em debate » Em debate, Armando usa Operação Torrentes contra Paulo Ainda no primeiro bloco, Armando usou a Operação Torrentes para alfinetar Paulo.

O senador já havia incluído no guia eleitoral a investigação deflagrada pela Polícia Federal há um ano, mas foi proibido de ligar o governador ao tema nos programas pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE).

O socialista não é citado na investigação.

Foto: Guga Matos/JC Imagem “A denúncia alcança figuras notórias e ligadas ao núcleo mais forte do governo”, afirmou.

Um dos acusados na quinta denúncia oferecida no âmbito da Torrentes, na semana passada, foi o coronel Mário Cavalcanti, ex-secretário dos governos Eduardo Campos (PSB) e Paulo Câmara.

A operação investiga contratos da Secretaria da Casa Militar, com recursos da União, para o atendimento das vítimas das enchentes na Mata Sul em 2010 e 2017. » Em PE, Haddad cresce e lidera com 41% na pesquisa JC/Ibope/TV Globo » Humberto e Jarbas mantém liderança na disputa ao Senado, aponta pesquisa JC/Ibope/TV Globo » Paulo cresce e chega a 39% na pesquisa JC/Ibope/TV Globo; Armando mantém 27% O tema voltou a aparecer em outros blocos do debate e Armando foi além da Torrentes, citando a Fair Play, em que Paulo Câmara é investigado por supostas irregularidades na Arena de Pernambuco, e o fato de ele ter sido citado pelo ex-executivo da JBS Ricardo Saud, em delação premiada.

Foto: Guga Matos/JC Imagem O governador devolveu afirmando que o delator está preso e que aliados de Armando também são investigados, citando o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo Michel Temer (MDB) no Senado.

O parlamentar era do PSB até o ano passado. “Você não tem currículo, não tem palanque, não tem aliados.

Não me coloque no meio dessa sua confusão”, afirmou Paulo ao petebista. “Você foi administrador privado e tudo que você administrou deu errado.

Trabalhou sempre contra os trabalhadores”. » A experiência que Paulo diz que tem é ruim para o Estado, diz Armando » Em Moreno, TRE apreende material de Paulo com Lula candidato » Armando Monteiro: ‘Você votou em mim, Paulo, em 2010’ Antes de fazer uma pergunta a Paulo no último bloco, Armando reclamou de o governador ter usado a vida pessoal para atingi-lo. “O problema é que você não pode falar nada da minha vida pública porque não há nada que desabone”, disse.

O tema também apareceu em todos os blocos do debate, incluindo em uma pergunta de Maurício Rands a Dani Portela, momento que ela aproveitou para fustigar os adversários. “Paulo Câmara não combateu a corrupção, deixou que o dinheiro fosse desviado”, afirmou, retomando a Operação Torrentes.

Foto: Guga Matos/JC Imagem Para criticar os outros adversários, ela enfatizou que ambos estiveram no palanque do PSB nas últimas eleições, parafraseando o candidato do PSOL à presidência da República, Guilherme Boulos, ao dizer que há “50 tons do PSB”.

Dani Portela citou que Armando foi eleito para o Senado em 2010 no grupo do ex-governador Eduardo Campos (PSB), padrinho político de Paulo. “(Maurício) Rands já esteve junto, dentro de secretaria e vem falar em corrupção.

Acusa Paulo, mas faz coligação em que o principal partido não sai do governo.

Se coloca como oposição, mas reproduz as mesmas práticas das velhas oligarquias políticas”, afirmou ainda. » Paulo e Armando evitam confronto direto mas ‘se alfinetam’ indiretamente em debate » Debate termina com tumulto entre militâncias de Armando e Paulo » Paulo lidera Datafolha com 38%; em segundo, Armando tem 30% O PDT, que tem a vice na chapa de Rands, com a ex-vereadora do Recife Isabella de Roldão, mantém cargos na gestão de Paulo Câmara, como a Secretaria de Agricultura, de Wellington Batista.

Com mais dois partidos na chapa, Rands havia criticado as coligações maiores, para alfinetar Paulo e Armando. “Quando governam, loteiam as secretarias”, disse. ‘Ministro do desemprego’ x ’exterminador de emprego’ Polarizando o cenário eleitoral, Paulo e Armando também protagonizaram o debate, trocando farpas ainda sobre as gestões. “Você era ministro na área que era para gerar desenvolvimento e trouxe muito desemprego, ‘Ministro do Desemprego’, que nunca trouxe nada para Pernambuco”, afirmou o socialista, ao responder uma pergunta do petebista no segundo bloco do programa. “Está dizendo que a culpa do desemprego é de quem?

Do ministro de Dilma”, questionou Armando Monteiro. » Moradores confirmam que material de Paulo com Lula candidato é recente » TRE proíbe Armando de associar Paulo à Torrentes e dá direito de resposta » Paulo diz que Armando usa estrela para ‘enganar’ o povo Em 2015, o senador assumiu o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Hoje, os petistas estão na coligação de Paulo Câmara no Estado. “Quem colocou Temer lá foi ele”, afirmou, dirigindo-se ao governador. “Eu digo: a culpa é de Paulo, porque foi Paulo que colocou Temer lá. É ruim de serviço, mas muito bom para terceirizar a responsabilidade”, acusou ainda.

No terceiro bloco, Armando voltou ao assunto ao responder Rands. “O emprego em Pernambuco se agravou pela incompetência e inação.

Paulo é um exterminador de emprego.

Pernambuco tem um conjunto de obras paradas que não foram destravadas por incompetência”.

Folha de pagamento dos servidores Outros assuntos que dominaram o fim do debate foram o pagamento do funcionalismo e a situação fiscal de Pernambuco.

Enquanto Paulo Câmara defendeu a sua gestão, Armando e Rands fizeram ataques. “Mantive a folha de pagamento em dia e os serviços funcionando.

Muitos estados quebraram”, afirmou o socialista. » Em debate, Haddad é questionado sobre apoio do PT ao MDB » Candidatos miram Bolsonaro e Haddad em penúltimo debate na TV » Em debate, Haddad busca afastar Temer e Marina questiona aliança com Renan “Vinte e quatro dos 27 estados pagam salários em dia.

Isso é obrigação”, rebateu o petebista, “Ele burla a Lei de Responsabilidade Fiscal com restos a pagar, porque fornecedores quebram pela absoluta falta de cumprimento dos pagamentos.

Quando digo que é exterminador de empregos, porque, entre outras coisas, não paga fornecedores do Estado.

Nessa fila, a gente não sabe nem qual é o critério de priorização.

A capacidade de investimento vem se deteriorando ano a ano”, afirmou ainda. “É um grande engodo essa história de que Pernambuco tem uma boa gestão fiscal”. “Isso quebra empresa, atrasa folha e o atual governador se gaba de dizer ‘paguei os servidores’.

E os trabalhadores das empresas que não receberam créditos do Estado?”, questionou Rands.