Candidatos à presidência da República adversários de Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) fizeram dobradinhas no primeiro bloco do debate promovido pela TV Record na noite deste domingo (30) para criticar o dois, que lideram as pesquisas de intenções de voto a uma semana do primeiro turno.
O postulante do PSL foi o principal alvo.
O candidato do PDT, Ciro Gomes, terceiro colocado nas pesquisas, apontou que Bolsonaro recebeu alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se tratava desde o início de setembro após ser esfaqueado durante ato de campanha em Minas Gerais.
O pedetista enfatizou que, apesar de ter saído a unidade, não foi ao debate.
Ele pediu que Marina Silva (Rede) comentasse uma declaração feita por Bolsonaro na semana passada: “não posso falar pelos comandantes, mas não aceito resultado diferente da minha eleição”.
LEIA TAMBÉM » Em debate, Haddad é questionado sobre apoio do PT ao MDB » Bolsonaro declarou no plenário que votou no Lula, lembra Alckmin Em sua resposta, Marina Silva (Rede) também criticou o adversário do PSL. “Bolsonaro tem atitude autoritária, antidemocrática, desrespeita mulheres, negros, índios e a população brasileira.
Com essa frase, desrespeita a Constituição e o jogo democrático”, acusou. “Só pode ser uma coisa: o Bolsonaro fala muito grosso, mas tem momentos em que amarela.
Isso são palavras de quem já está com medo da derrota, que será dada a ele pela população por causa da postura autoritária”.
Marina defendeu combater “aqueles que têm saudosismo da ditadura”, referindo-se a Bolsonaro, e “aqueles que fraudaram a eleição de 2014”, citando Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB). “Não precisa ficar entre a espada da corrupção e a cruz do autoritarismo de Bolsonaro”, disse a candidata da Rede.
Foto: Cláudio Kbene/Fotos Públicas Ciro Gomes afirmou “assinar embaixo”. “O Brasil não aguenta mais essa radicalização odienta”.
Fechando a dobradinha, Marina afirmou: “PT e Bolsonaro são cabos eleitorais um do outro e nós temos que combater”.
No terceiro bloco, ela voltou a criticar Bolsonaro. “Eu nunca vi na minha vida um candidato a presidente que diz que vai governar para os fortes, você é presidente para fazer pelos mais fracos.
Se ele é assim para ganhar, imagine depois que ganha”.
A candidata da Rede retomou o assunto ao questionar Álvaro Dias (Podemos) no primeiro bloco. “Tem que evitar o retorno da organização criminosa que assaltou o País e a marcha da intolerância e da insensatez, o ódio que destrói porque mina a inteligência”, falou Dias.
Foto: Nelson Almeida/AFP Antes deles, o primeiro a citar Bolsonaro foi Henrique Meirelles (MDB), ao fazer uma pergunta a Ciro Gomes. “Nenhum país democrático tem um Bolsonaro como candidato a presidente”, disse. “Nenhum país do mundo suportará o desdobramento do que estamos visualizando pelo menos como ameaça”, concordou o pedetista, seu adversário. “O ódio não cria empregos, a vingança só cria destruição.
Precisamos ter uma política de entendimento, que tenha competência, resultados concretos”, afirmou Meirelles.
Os candidatos foram acusados por Cabo Daciolo (Patriota) de estarem juntos. “Vocês estão fazendo um jogo de vôlei.
Um toca a bola e o outro corta”, ironizou.
Haddad No primeiro turno, Fernando Haddad preferiu não ir para o embate com o seu principal oponente em outros espaços, Ciro Gomes.
No primeiro bloco, fez sua pergunta a Henrique Meirelles, sobre as propostas para as pessoas com deficiência.
No segundo bloco, porém, escolheu o pedetista para perguntar e questionou sobre educação.
O embate entre os dois acabou sendo sobre o encontro entre Haddad e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).
Dois anos depois de Dilma Rousseff (PT) sofrer impeachment e Michel Temer (MDB) assumir o poder, Haddad foi questionado por Guilherme Boulos (PSOL) sobre as alianças com os emedebistas nos estados.
O partido apoia o governador Renan Filho (MDB) em Alagoas e Haddad esteve com Eunício. “Eu tenho viajado o Brasil e visto pessoas que dizem que vão votar em Bolsonaro, mas não têm esse ódio, são pessoas desiludidas”, disse. “Às vezes desiludidas com um sistema político que apodreceu.
Nós temos uma responsabilidade, a antipolítica tem alimentado saídas autoritárias.
Você pode até ganhar uma eleição, mas nem toda vitória eleitoral é uma vitória política.
Não vamos derrotar o golpe de mãos dadas com golpista, com Eunício, com Renan”, afirmou ainda. “Daqui a pouco você pode até chamar o Meirelles”, ironizou Boulos.
Haddad minimizou afirmando que a sua coligação é formada por PCdoB e Pros.
O candidato também alegou que está no mesmo campo que Boulos e Ciro.
O petista ainda afirmou que em Alagoas Renan Filho lidera as pesquisas de intenções de voto e no Ceará Eunício é apoiado por Camilo Santana (PT), aliado de Ciro. “Vetei o acordo com Eunício”, defendeu o pedetista. “Não aceito o apoio dele porque é corrupto.
Você foi lá e fechou aliança com ele despudoradamente.
Não é porque tem aliança com o PT, não”. “Eu fiz uma visita ao presidente do Congresso.
Não fiz acordo com ele, não”, respondeu Haddad, em seguida.
Sem citar o nome do adversário, Haddad alfinetou Bolsonaro nas considerações finais. “Eu vejo no futuro brasileiros desarmados”, disse o petista.
Mulheres contra Bolsonaro Em campos políticos opostos, Geraldo Alckmin (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) iniciaram suas falas também criticando Bolsonaro e, para isso, elogiando os protestos de mulheres contra o candidato do PSL, realizados em centenas de cidades nesse sábado (29). “As mulheres deram exemplo de civismo”, afirmou o tucano.
Alckmin voltou a criticar Bolsonaro e o PT no terceiro bloco. “É impressionante como os radicais se atraem”, disse, citando o Plano Real e a quebra dos monopólios das telecomunicações, pautas a que tanto o candidato quanto o partido foram contrários. “Bolsonaro declarou no plenário que votou no Lula”, enfatizou o tucano.
Nas considerações finais, Alckmin ainda usou a hashtag que se popularizou no movimento das mulheres para criticar os adversários. “Nem o radicalismo de Bolsonaro nem o radicalismo do PT.
Eles não”, disse.
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem “Primeiramente, ele não!
Quero parabenizar as mulheres brasileiros pelo show de democracia.
Esse sábado foi o início da derrota de Jair Bolsonaro”, disse Boulos. “O ato de ontem representou a força das mulheres contra Bolsonaro, que não aceitam que têm que ganhar menos, ter menos direitos, como pregam Bolsonaro e o general Mourão (candidato a vice)”, disse ainda no terceiro bloco.
No Recife, o ato começou na Praça do Derby e os manifestantes seguiram em caminhada até a Praça da Independência, na área central da cidade.