A desembargadora eleitoral Karina Aragão negou o pedido feito pelo Ministério Público para proibir o funk de apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) que ataca mulheres.
Após a decisão, o Procurador Regional Eleitoral, Wellington Sariva, fez um novo pedido nesta sexta-feira (28).
Para ele, “a música incita a ódio, a violência e a preconceito”.
A paródia da música Baile de Favela foi reproduzida em um trio elétrico que estava na ‘Marcha da Família com Bolsonaro’, evento a favor do presidenciável do PSL no último domingo (23), no Recife.
Um novo ato a favor de Bolsonaro será realizado no próximo domingo (30).
LEIA TAMBÉM » Haddad sobe para 22% e empata tecnicamente com Bolsonaro na Datafolha » Carreata pró-Bolsonaro troca funk proibidão por música ‘Eu te amo meu Brasil’ » MPPE faz recomendações à PM para ato ‘Mulheres contra Bolsonaro’ » Filho de Bolsonaro publicou paródia que ataca mulheres há cinco meses » Bruno Araújo nega apoio ao PT e não descarta Bolsonaro A música afirma: “dou pra CUT pão com mortadela/E pras feministas, ração na tigela/As mina de direita, são as top mais bela/Enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela”. ? “Essa forma de manifestação grotesca e primitiva contribui para perpetuar uma cultura machista e misógina, que fomenta agressões e discriminações como as acima apontadas, além de ser nociva para os próprios homens, que de regra disso não se dão conta (o chamado ‘machismo tóxico’)”, opinou o procurador.
Saraiva defendeu que “a liberdade de expressão não pode ser exercida de forma absoluta e poderá sofrer limitação, de forma excepcional, como no caso de preconceito em relação a gênero”. » Comissão da Alepe critica paródia pró-Bolsonaro: ‘não há lugar para manifestações políticas machistas’ » Adriana Rocha critica paródia em ato pró-Bolsonaro: ‘desnecessário’ » OAB de Pernambuco repudia paródia pró-Bolsonaro que ataca feministas » No Recife, militares da Aeronáutica vão tomar parte de carreata pró-Bolsonaro » TSE nega pedido de resposta de Bolsonaro contra propaganda de Alckmin “A Constituição da República, a Lei das Eleições e a resolução do TSE buscam salvaguardar a dignidade humana e proscrever toda forma de discriminação, qualquer que seja sua base.
A discriminação de gênero é particularmente grave, considerando os altos índices de feminicídios e de violência contra mulheres ocorridos no Brasil, inclusive de cunho sexual, além de outras formas de discriminação, como as variadas dificuldades de progressão profissional (conhecidas como ’teto de vidro’) e de desigualdade de remuneração”. ?
TRE mantém funk de apoiadores de Bolsonaro que ataca mulheres; MP recorre from Portal NE10 Reação As comissões da mulher da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco (OAB-PE) e da Assembleia Legislativa (Alepe) divulgaram notas de repúdio à música. “Não há justificativa para tal comportamento.
Não há lugar para manifestações políticas machistas e misóginas, seja de que partido ou candidato for.
As mulheres não podem ser tratadas como uma piada e exigem respeito”, diz o texto da Alepe. “Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias”, afirmou a OAB.
Flávio Bolsonaro, filho do presidenciável e candidato a senador pelo mesmo partido que o pai no Rio de Janeiro, já havia publicado a paródia.
No Facebook, Flávio Bolsonaro afirmava no dia 11 de abril que aquele era o “Funk do Bolsonaro”. “Para quem diz que não tem funk bom”, afirma o post.
A publicação na rede social do filho de Bolsonaro foi encontrada pela revista Veja nesta terça-feira (25).
No fim do vídeo, o próprio Bolsonaro aparece agradecendo.
Um dos organizadores do ato a favor de Bolsonaro no Recife, o empresário Alexandre Carvalho, 63, negou que os responsáveis pelo evento tenham relação com a reprodução da paródia em Boa Viagem.
Questionado sobre a letra da música, o empresário disse que a música tem uma “rima infeliz”.
Ele criticou, contudo, a cobertura da imprensa sobre o episódio por, para ele, dar um “destaque absurdo”.