É enganosa a informação de que o candidato a deputado estadual Tenente Coronel Zucco (PSL-RS) usou caminhões do Exército para fazer campanha a favor dele e de Jair Bolsonaro (PSL) no último sábado, 22 de setembro, no litoral do Rio Grande do Sul.
Os veículos foram adquiridos em leilões do Exército e foram emprestados por Paulo Souza, proprietário da empresa Carrossauro, que promove transporte turístico na região.
A carreata passou por Capão da Canoa, no litoral gaúcho.
Pela similaridade dos caminhões usados no ato, muitas pessoas denunciaram que haviam sido cedidos pelo Exército.
Na realidade, os veículos já pertenceram às Forças Armadas, mas foram a leilão e agora são da empresa de turismo.
O proprietário da Carrossauro, Paulo Souza, comprou dois dos caminhões em dezembro do ano passado.
São veículos produzidos no início da década de 1980 pela Engesa, antiga indústria nacional de material bélico, que eram usados pelo Exército e pela Aeronáutica para o transporte de tropas e equipamentos.
Em março deste ano, Souza comprou mais um caminhão.
Todos foram comprados de pessoas que os haviam adquirido em leilões.
Os três foram usados na caravana no sábado.
Leia mais É falso o áudio de Bolsonaro aos gritos no hospital Patrícia Pillar desmente meme e diz que nunca sofreu agressão O Comprova solicitou os documentos dos veículos, mas o proprietário preferiu não apresentá-los porque o advogado de Zucco disse que irá entrar com uma representação no TRE-RS (Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul) contra pessoas que compartilharam a informação.
Segundo a assessoria do Exército, esse tipo de veículo, como mostra no vídeo, não teria placa se fosse realmente do órgão. É preciso uma regularização para eles circularem normalmente.
Aliás, os caminhões da gravação contam com o brasão do Cruzeiro do Sul, o que não é mais usado.
Sobre o caso, o Comando Militar do Sul publicou nota em seu perfil no Twitter.
O próprio Zucco desmentiu o boato em vídeo publicado em seu perfil no Facebook. “Esse comentário maldoso, essa fake news, não pode acontecer, e, logicamente, que as Forças Armadas não compactuariam, não apoiariam, nenhum tipo de campanha política”, disse.
O proprietário da empresa de turismo, Paulo Souza, também desmentiu a informação em uma postagem no Facebook. “Os veículos são de minha propriedade e foram usados gratuitamente na campanha e continuarão a serem usados”, escreveu. “Soube que haveria uma carreata em Capão da Canoa, peguei meus caminhões e fui com meu filho e cunhado.
Os caminhões são meus e ando onde quiser”, completou, em entrevista ao Comprova.
O vídeo usado em uma das publicações falsas tem origem do Instagram.
Foi publicado na ferramenta “Stories”.
Por ser uma rede social fechada não é possível saber o autor original do conteúdo.
Essa gravação foi replicada em outras redes sociais e gerou grande engajamento (reações, comentários e compartilhamentos).
Na página do Facebook “Falando Verdades”, por exemplo, o vídeo com a descrição enganosa registrou 3,6 mil compartilhamentos, 1,2 mil comentários e 1,5 mil reações até a tarde desta segunda-feira, 24 de setembro.
Projeto Comprova Iniciado neste mês de agosto, o projeto Comprova já desenvolve suas operações de combate à desinformação e a conteúdos enganosos na internet durante a campanha eleitoral.
Coordenada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a coalizão reúne 24 organizações de mídia de todo o Brasil, e checa textos, imagens e áudios sem origem definida.
Nenhum conteúdo poderá ser publicado até que três diferentes redações concordem com as etapas de verificação anexadas ao relatório sobre uma informação avaliada, em um processo conhecido como “crosscheck”.
O objetivo do projeto é identificar e minar técnicas sofisticadas de manipulação e amplificação online.
O fluxo de trabalho foi projetado para incentivar a investigação colaborativa entre redações, que poderão continuar após as eleições. É possível sugerir checagens pelo WhatsApp da iniciativa, no número (11) 97795-0022.