Leia abaixo o relatório da FGV Novamente, aumentou o percentual de interações de robôs participando do debate sobre os presidenciáveis esta semana, que chegou a 12,9%.

Esse movimento de expansão da interferência de perfis automatizados no debate político, já observado nas últimas edições do DAPP Report, coincide com a aproximação do primeiro turno e com o recrudescimento do “voto útil” como argumento de persuasão e captação de seguidores e influência nas redes sociais.

Isso ocorreu, em particular, desde o fim de semana iniciado no sábado (15), quando a mobilização feminina em discussões de unificação contra Jair Bolsonaro centralizou o plano político do Twitter, influenciando todas as bases de apoio e todos os temas de maior relevância abordados na web.

Líderes da polarização, separados pelo expressivo grupo de perfis não alinhados a nenhuma candidatura, as bases pró-Bolsonaro e pró-Fernando Haddad seguem como as que mais apresentam interferência de robôs. À direita, contas automatizadas responderam por 17,8% dos retuítes do grupo favorável ao deputado federal do PSL; à esquerda, responderam por 13,2% das interações alinhadas à candidatura petista e, em menor escala, à candidatura de Guilherme Boulos, do Psol.

Integrado ao campo majoritário e não associado diretamente a nenhuma candidatura, o grupo de Ciro Gomes deixou de responder por uma articulação específica esta semana: no campo majoritário, 2,7% das interações foram feitas por robôs (na semana passada, sem a base de Ciro, foram 0,9% dos retuítes).

No recém-estabelecido grupo pró-Marina Silva, 7,2% dos retuítes vieram de contas automatizadas; no grupo que reúne os demais candidatos à direita, 4,6%.

No Facebook, no entanto, foi de Bolsonaro o engajamento de maior impacto, alcance e força: o vídeo do candidato, ao vivo do hospital, no domingo (16), acumulou 1,4 milhão de interações, já foi visto 7,3 milhões de vezes e impulsionou o desempenho do candidato na rede.

Contas automatizadas As contas automatizadas representam 0,45% dos perfis engajados no debate sobre os presidenciáveis.

O volume de interações que envolvem robôs, no entanto, cresceu: entre 13 e 19 de setembro foram registradas 681.980 interações automatizadas, 12,9% do total, contra 10,8% na semana anterior.

O grupo azul, de apoio a Bolsonaro, segue como principal núcleo em interferência de robôs, com 471.117 retuítes — ou seja, 69% de todas as interações automatizadas vêm deste grupo.

No grupo azul, as contas automatizadas (1,1% do total) respondem por 17,8% das interações.

Os robôs retuítam, principalmente, publicações sobre a rotina de recuperação de Bolsonaro e sobre uma suposta relação entre seu agressor e a esquerda.

Além disso, destacam-se críticas a Fernando Haddad, comentários em defesa do general Mourão e mensagens de repúdio a especulações sobre o que seria uma divisão interna na campanha.

A mobilização de mulheres contra o candidato nas redes sociais é tratada como farsa, e elogios às mulheres que o apoiam são recorrentes.

No núcleo vermelho, 13,2% das interações envolvem contas automatizadas — que representam 0,7% dos perfis.

Entre as publicações mais retuitadas por robôs, estão mensagens de apoio a Haddad, críticas à condução da sabatina no “Jornal Nacional”, em que os apresentadores são acusados de “perseguição”, relatos de supostos atos contra a militância petista e críticas a Bolsonaro, marcadas pelo uso de hashtags como #elenão.

Terceiro em volume de interações automatizadas (7,2%), o grupo verde reúne, majoritariamente, como já apresentado, perfis de apoio a Marina.

Quando observadas interações que envolvem robôs, contudo, predominam retuítes de conteúdos publicados pela conta @bacana_ef, que não citam diretamente a candidata pela Rede, e declaram apoio a Jair Bolsonaro.

Em menor número, publicações divulgam a hashtag #elasim, confrontando a ideia de que a candidata seria “frágil” e a relacionando, positivamente, a pautas referentes ao meio ambiente e aos direitos humanos.

No grupo laranja, 0,3% dos perfis são contas automatizadas, que produziram 4,6% das interações.

Destacam-se retuítes de mensagens de apoio a Alckmin, que o apontam como uma opção ao centro, diante de uma “extrema direita” (Bolsonaro) e de uma “extrema esquerda” (Haddad e Ciro).

Por outro lado, publicações criticam o tucano, afirmando que ele é parte da “velha política” e apresentando João Amoêdo como opção de voto anti-corrupção.

Com somente 0,2% de contas automatizadas, responsáveis por 2,7% das interações, o grupo rosa foi o que menos apresentou interferência por robôs.

De modo geral, trata-se de publicações contrárias a Bolsonaro e em defesa da candidatura de Ciro.