Um clipe da campanha de Geraldo Alckmin, candidato à presidência pelo PSDB, foi divulgado pela sua assessoria com duas referências à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e substituído por uma nova versão.
Perfis em redes sociais difundiram a informação e o Comprova verificou que, de fato, há duas edições diferentes.
Na manhã do dia 28 de agosto de 2018, a assessoria do tucano divulgou um jingle do candidato em um grupo de WhatsApp destinado a jornalistas que cobrem a campanha de Alckmin.
Logo nos primeiros segundos do vídeo, uma jovem percorre as vielas de uma favela e numa bandeira do Brasil aparece a inscrição “1533” no lugar de Ordem e Progresso.
A combinação dos algarismos é uma referência à posição em que as letras PCC aparecem no alfabeto (“P” é a 15ª e “C” é a 3ª).
O PCC teve origem em São Paulo.
Embora tenha sido a própria campanha de Geraldo Alckmin a divulgar o vídeo com o “1533” no WhatsApp, o site do presidenciável publicou um “desmentido” em que acusa “mentirosos de plantão” de usarem uma “versão não oficial do clipe, que vazou na internet” e a editarem “para inserir imagens em alusão ao crime organizado”.
Leia mais Foto de incisão no abdome de Jair Bolsonaro é verdadeira Pesquisa atribuída ao Datafolha que diz que “desejo de votar em Lula chega a 49%” é falsa A equipe de Alckmin acabou distribuindo uma nova versão do jingle, produzida pela Farol Filmes, da qual um dos sócios é Lula Guimarães, marqueteiro-chefe da campanha do tucano.
O portal Poder360 manteve os dois vídeos em seu canal no YouTube para que as cenas possam ser comparadas.
Veja abaixo: Na primeira versão do jingle, o “1533” é mostrado aos 8 segundos, dentro de uma bandeira do Brasil (no lugar da inscrição “Ordem e Progresso”).
A inscrição volta a aparecer quando o vídeo chega a 1 minuto.
Na segunda versão do videoclipe, a jovem ganhou mais destaque, ficando ao centro da imagem e a bandeira foi desfocada manualmente.
Ao ser questionada sobre o motivo da mudança, a equipe de marketing de Alckmin alegou questões “técnicas”.
No dia 30 de agosto de 2018, uma postagem do perfil no Twitter chamado “Corote” divulgou trecho do vídeo de Alckmin.
A publicação dá link para o Poder360, mas usa um vídeo montado por ele com parte de um texto publicado no site Tribuna do Paraná.
Este tweet foi visto 72,5 mil vezes e teve 1,3 mil compartilhamentos.
A presença do PCC em São Paulo é um dos temas mais explorados pelos adversários de Alckmin.
Ele governou o Estado por duas ocasiões (2001-2006 e 2011-2018) e é constantemente questionado sobre o crescente aumento da facção nesse período.
Projeto Comprova Iniciado neste mês de agosto, o projeto Comprova já desenvolve suas operações de combate à desinformação e a conteúdos enganosos na internet durante a campanha eleitoral.
Coordenada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a coalizão reúne 24 organizações de mídia de todo o Brasil, e checa textos, imagens e áudios sem origem definida.
Nenhum conteúdo poderá ser publicado até que três diferentes redações concordem com as etapas de verificação anexadas ao relatório sobre uma informação avaliada, em um processo conhecido como “crosscheck”.
O objetivo do projeto é identificar e minar técnicas sofisticadas de manipulação e amplificação online.
O fluxo de trabalho foi projetado para incentivar a investigação colaborativa entre redações, que poderão continuar após as eleições.