É falso o documento que circula desde o final de agosto, principalmente pelo Whatsapp, chamado “Eleições 2018 - Datafolha Brasil” (data folha setembro 2018.pdf).
O documento tem três páginas e destaca no título do relatório “Desejo de votar em Lula chega a 49%: No cenário sem o petista, Haddad lidera, Bolsonaro mantém segunda posição e cai o índice de Alckmin”.
O diretor geral do Datafolha, Mauro Paulino, confirmou ao Comprova que a pesquisa é falsa e que a primeira pesquisa do mês é a divulgada na segunda-feira, dia 10 de setembro.
O levantamento falso é apresentado como um relatório interno do Datafolha, com os resultados da pesquisa de intenção de voto para presidente da República realizada “após o início oficial do período eleitoral”, no mês de setembro de 2018, apontando cenário a favor da chapa do PT.
Leia mais Pesquisa que mostra Bolsonaro vencendo em todos os Estados é falsa Enquetes em redes sociais não têm valor científico e não valem como pesquisa eleitoral Além disso, são apresentadas a “Intenção de voto estimulada para presidente 2018 - 1º turno (estimulada e única, em %)”, com duas tabelas que destacam a ‘situação A’ e ‘situação B" datados de 1º e 2 de setembro de 2018, e os dados distorcidos que favorecem os candidatos a presidente e a vice-presidente pelo PT.
O documento carece de informações básicas, como a data específica do começo e término da pesquisa, o número do registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), informações sobre número de pesquisados e o período do levantamento e regiões ou locais da pesquisa.
O falso documento é vago nesse aspecto e apenas informa que a pesquisa começou “após o início oficial do período eleitoral”.
Também não há menção à data de término do levantamento.
O TSE informa em seu site que toda a pesquisa deve ser registrada obrigatoriamente em seu sistema próprio.
Nele, a empresa pesquisadora se compromete a fornecer informações sobre a divulgação dos resultados das pesquisas, o período de coleta de dados, a margem de erro, o nível de confiança, o número de entrevistas, o nome da entidade ou da pesquisa que a realizou e, se for o caso, de quem a contratou e o número de registro da pesquisa.
As informações para a realização da pesquisa podem ser alteradas em até cinco dias após o registro.
Além disso, o TSE ainda oferece, na seção “Pesquisas Eleitorais - Eleições 2018”, acesso para que qualquer cidadão faça consultas às pesquisas realizadas.
Levantamento cancelado No começo do mês, o Datafolha cancelou o registro de pesquisa eleitoral nacional que seria realizada entre os dias 4 e 6 de setembro devido à decisão do TSE, que rejeitou o registro de candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O registro com o código 02553/2018 foi feito na sexta-feira, 31 de agosto, antes do final da votação do TSE que vetou a candidatura de Lula, na madrugada de sábado (1º).
Penalidades O Tribunal Superior Eleitoral ressalta que a divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime que pode ser punível com detenção de seis meses a um ano e multa cujo valor pode variar de R$ 53.205,00 a R$ 106.410,00.
O conteúdo também foi verificado pela agência Aos Fatos e pelo portal de economia Infomoney.
Projeto Comprova Iniciado neste mês de agosto, o projeto Comprova já desenvolve suas operações de combate à desinformação e a conteúdos enganosos na internet durante a campanha eleitoral.
Coordenada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a coalizão reúne 24 organizações de mídia de todo o Brasil, e checa textos, imagens e áudios sem origem definida.
Nenhum conteúdo poderá ser publicado até que três diferentes redações concordem com as etapas de verificação anexadas ao relatório sobre uma informação avaliada, em um processo conhecido como “crosscheck”.
O objetivo do projeto é identificar e minar técnicas sofisticadas de manipulação e amplificação online.
O fluxo de trabalho foi projetado para incentivar a investigação colaborativa entre redações, que poderão continuar após as eleições.