A imagem que coloca o agressor do candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) próximo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é uma montagem.
O material manipulado digitalmente foi compartilhado em redes sociais, inclusive pelo senador Magno Malta (PR-ES), e foi alvo da investigação do Comprova.
Apoiador de Bolsonaro, Malta postou a imagem enganosa no Twitter e escreveu “Olha rm que time joga o marginal” (sic).
Na montagem, o rosto de Adélio Bispo de Oliveira foi inserido na foto em que Lula aparece ao centro, ladeado pelos senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do Partido dos Trabalhadores, entre outros apoiadores.
Um círculo vermelho, também inserido digitalmente, destaca o rosto de Adélio, o homem que atacou Bolsonaro na tarde da última quinta-feira (6) em Juiz de Fora (MG).
A foto original foi feita em maio de 2017 por Ricardo Stuckert, do Instituto Lula.
Na ocasião, Lula prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
A foto já foi reproduzida no site do PT, em portais e jornais.
Um homem de óculos escuros aparece originalmente no lugar onde o rosto de Oliveira foi inserido digitalmente na última quinta.
A localização e a identificação da foto original são possíveis com ferramentas de busca reversa de imagem, como o TinEye.
Leia mais Não há evidência de que casa que aparece em meme seja de Lula Rede de lojas diz que comunicado sobre venda a prazo a eleitores de Ciro Gomes é falso Usuários da rede comentaram no tuíte de Magno Malta que aquilo se tratava de uma montagem.
O senador acabou apagando a publicação ainda na quinta, mas o Comprova recuperou a imagem usando o WayBack Machine, uma ferramenta que permite arquivar conteúdos mesmo depois de removidos da internet.
Antes de ser apagada, a postagem do parlamentar já tinha sido retuitada 1.267 vezes.
A conta @HelioNogueiraTV também tuitou a foto acrescentando que Adélio é filiado ao PT, o que é falso.
De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Adélio Bispo de Oliveira foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014.
Ele não tem filiação partidária no momento, informação que pode ser verificada no site Filiaweb, mantido pelo tribunal.
O general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice de Bolsonaro, e Levy Fidelix, presidente do PRTB, também procuraram vincular Oliveira ao PT.
Em nota, eles disseram que o ataque foi feito “por um militante do Partido dos Trabalhadores”.
Outros sites ainda associaram o agressor ao PDT.
As agências Aos Fatos e Lupa e o portal Congresso em Foco também apontaram que a imagem do agressor próximo a Lula é uma montagem.
Projeto Comprova Iniciado neste mês de agosto, o projeto Comprova já desenvolve suas operações de combate à desinformação e a conteúdos enganosos na internet durante a campanha eleitoral.
Coordenada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a coalizão reúne 24 organizações de mídia de todo o Brasil, e checa textos, imagens e áudios sem origem definida.
Nenhum conteúdo poderá ser publicado até que três diferentes redações concordem com as etapas de verificação anexadas ao relatório sobre uma informação avaliada, em um processo conhecido como “crosscheck”.
O objetivo do projeto é identificar e minar técnicas sofisticadas de manipulação e amplificação online.
O fluxo de trabalho foi projetado para incentivar a investigação colaborativa entre redações, que poderão continuar após as eleições.