O Brasil está muito mal.

Desemprego, pobreza, desigualdade social, violência urbana, degradação dos serviços públicos, corrupção, intolerância, fragmentação política e desgoverno.

Os brasileiros sentem, percebem e padecem com este desmantelamento do País nos últimos anos.

E esperam que o futuro presidente da República resolva todos os problemas, de preferência com medidas simples e indolores e com resultados imediatos.

Na sua grande maioria, contudo, o eleitor não compreende que será impossível tirar o Brasil deste local se não for resolvido um problema anterior e determinante: a falência do Estado, imobilizado e corroído por uma grave crise fiscal que impede os investimentos necessários na educação, na saúde, na inovação, na infraestrutura, na segurança.

A reestruturação do Estado é uma condição para a recuperação da economia e do emprego, para a redução das desigualdades sociais e para melhoria dos serviços públicos.

E esta reestruturação exige medidas drásticas e dolorosas que, além do mais, não geram resultados rápidos.

Este é o grande desafio do Brasil no momento.

O futuro presidente vai receber o governo sem nenhuma capacidade para atender às demandas e expectativas da sociedade de enfrentamento dos graves problemas sociais.

Vai ter que começar reestruturando as finanças públicas, o que passa, necessariamente, pelo corte de gastos e, principalmente, pela contenção da tendência inercial de elevação das despesas primárias altamente concentradas com salários (pessoal e encargos) e, principalmente, com a Previdência Social (comprometem quase 70% das despesas primárias da União).

Por isso, é temerário ou mentiroso o candidato que negue a necessidade de uma profunda reforma da Previdência ou mesmo que seja ambíguo em relação à relevância e urgência da mesma.

Não existe um candidato bom em abstrato.

Os candidatos são mais ou menos adequados para as circunstâncias atuais do Brasil.

O candidato adequado para o Brasil de hoje não é, com certeza, o que vende facilidades e promete simplesmente emprego, saúde, educação e segurança.

O candidato mais adequado é aquele que tem coragem de propor reformas estruturais que permitam ao Estado brasileiro recuperar capacidade de investimento – necessária à reconstrução do Brasil – e que demonstre competência técnica e habilidade política para aprovar e implementar estas reformas.

Sérgio C.

Buarque é economista e consultor