A entrevista de Temer, na Rádio Jornal, criticando Paulo Câmara de forma indireta e afirmando que recebeu seu apoio sem pedir, na época do impedimento de Dilma, gerou uma onda de revolta entre os ajudantes e auxiliares do governador socialista.
No plano nacional, o presidente do MDB já havia feito um movimento semelhante em relação ao presidenciável Geraldo Alkmin, do PSDB, que havia negado apoio da bancada tucana para salvar temer do segundo pedido de afastamento.
Temer nunca mais o desculpou. “Nunca tinha visto isso.
Temer é tão tóxico e sabe tanto disso que, para beneficiar seu time e seus ex-ministros, não tem Vergonha de buscar difundir a ideia de que o governador Paulo Câmara o apoiou em algum momento, para prejudicar o governador.
Incrível!”, reage um importante auxiliar do governador. “Temer não tem o nosso apoio e nunca teve” Depois da fala de Temer, na Rádio Jornal, o governador e candidato à reeleição, Paulo Câmara (PSB), reafirmou a sua veemente oposição “ao modelo discriminatório e perseguidor de governar do presidente Michel Temer (MDB)”. “Em entrevista à Rádio Jornal, nesta quarta-feira (29/08), ele tentou confundir a população pernambucana, com declarações inverídicas e com notada pretensão de ajudar o seu desesperado palanque em nosso Estado.
O presidente Temer não tem o nosso apoio e nunca teve em nenhum dos momentos do seu Governo.
Pelo contrário: éramos a favor de novas eleições (após o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff).
Não aceitamos cargos no governo dele!
O PSB não aceitou, a Executiva do partido não aceitou", disse Paulo Câmara, também em entrevista à emissora.
Paulo Câmara reclamou de retaliação praticada por Temer. “Nós fomos contra a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, a venda da Eletrobras, o Teto de Gastos (públicos).
São posições muito claras nossas.
E nós fomos discriminados.
A (devolução da) autonomia de Suape foi remarcada, e ele não fez, porque fomos contra a Reforma Trabalhista”, disse.
Paulo Câmara também reclamou sobre a ausência de repasses de recursos federais à primeira etapa da obra da Adutora do Agreste e disse que, em 2018, a intervenção não recebeu um único real vindo da União. “Nós estamos fazendo graças ao esforço da Compesa, que está executando.
A segunda etapa ainda não tem nem prazo para começar.
Só vamos abranger nove municípios do Agreste, e os demais estão sem prazo para iniciar essas obras.
Tivemos que fazer obras com os recursos do Governo do Estado para suprir a questão da água.
Fizemos a Adutora do Pirangi, a Adutora do Alto Capibaribe”, pontuou. “O Portal da Transparência do Governo de Pernambuco, que pode ser consultado por qualquer cidadão, registra, como mostra o fluxo de repasses para as obras da Adutora do Agreste”.
O governador também lembrou a falta de sensibilidade do Governo Federal e do presidente Michel Temer, que, apesar de ter visitado Pernambuco durante a enchente que atingiu a Zona Mata Sul, no primeiro semestre do ano passado, ignorou a necessidade de reestruturação dos municípios afetados. “Estamos (o Estado) fazendo parcerias com os municípios.
Não tivemos apoio na reconstrução das casas.
Não tivemos apoio com Cartão Reforma para as casas atingidas”, registrou. “A discriminação do Governo Temer com a Região Nordeste foi explicitada.
Os governadores do Nordeste precisaram se unir para cobrar publicamente.
Toda vez que precisávamos deliberar sobre recursos da União, nós estivemos com os governadores do Nordeste.
Nós fomos para cima na questão da Repatriação porque eles não queriam dividir as multas e os juros.
Como também formos para cima na efetivação da proposta de venda do Rio São Francisco, mandamos uma Carta no dia 7 de setembro de 2017, assinada por todos os governadores.
A prova do “respeito” é que nunca tivemos resposta", recordou.
Paulo Câmara citou que o deputado federal Fernando Filho foi indicado ao Ministério de Minas e Energia pela bancada do PSB na Câmara Federal, em contraposição à decisão partidária. “Um ministro que saiu do PSB justamente pelo partido não concordar com o trabalho dele.
Ele ia ser expulso do PSB e, por isso, saiu”, destacou.