Aliados do senador Armando Monteiro Neto (PTB) usaram contra Paulo Câmara (PSB), nesta quarta-feira (29), a entrevista do presidente Michel Temer (MDB), em que ele afirma que recebeu o apoio do governador de Pernambuco durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

O socialista tem reclamado de “perseguição” da gestão emedebista e tem atribuído ao grupo do petebista a pecha de “palanque de Temer”, estratégia para aproveitar a baixa popularidade do presidente principalmente no Nordeste.

O deputado federal Daniel Coelho (PPS-PE) foi um dos que reforçaram o discurso da oposição. “Paulo ajudou Temer desde o começo e isso já está mais do que provado”, afirmou, após a entrevista do presidente. “Paulo tenta negar as relações com Michel Temer, mas não tem como.

O partido dele, do qual é vice-presidente, fez parte do governo, apoiou Temer desde o começo.

E agora, orientado pelo marketing, procura esconder”, disse, ainda, seguindo a linha da fala do emedebista. “Querer, neste momento, às vésperas da eleição, desmentir a própria história é uma enorme deslealdade com a população.

Paulo tenta esconder o próprio governo, que é fraco, lento e não consegue fazer as entregas que a população espera”, criticou também Daniel Coelho.

LEIA TAMBÉM » Paulo Câmara precisa de alguém para bater, diz Temer » Paulo nega que tenha apoiado Temer e fala em ‘discriminação’ » Armando e Paulo empurram Temer um para o outro, em debate Armando Monteiro já havia dado declaração semelhante durante o debate da Rádio Jornal, nessa terça-feira (28). “Você tem, sim, compromisso na origem com o governo Temer”, disse o petebista.

A deputada estadual Priscila Krause (DEM) usou o Twitter para fazer discurso parecido.

A tentativa do governador Paulo Câmara em tentar esconder a história aparecendo agora, desesperadamente, como anti-Temer requer um chamamento aos fatos.

Trata-se de típico oportunismo eleitoral que tanto prejudica o caminhar do processo democrático e a credibilidade da política. — Priscila Krause (@priscilakrause) 29 de agosto de 2018 A verdade é que o PSB decidiu votar p/ tirar o PT e colocar Temer.

Partiu deles a decisão q se configurou “prego batido, ponta virada” no episódio do impeachment.

O gov., inclusive, liberou secretários para votar.

Hj Temer na @radiojornal lembrou sua gentiliza e agradecimentos — Priscila Krause (@priscilakrause) 29 de agosto de 2018 O discurso de Paulo Câmara de que não fez isso ou aquilo porque o governo federal não liberou dinheiro não se sustenta um minuto sequer.

Como deputada estadual, por dever do meu trabalho, acompanho isso de perto na Comissão de Finanças.

Em maio agora, mesmo, comemoraram liberação pic.twitter.com/5vy3f212r2 — Priscila Krause (@priscilakrause) 29 de agosto de 2018 O problema que o governador esconde para facilitar seu discurso eleitoral é que o CNPJ de PE está inscrito na lista de inadimplentes com a União desde 29 de maio.

Atualmente por 2 motivos: débito com a Anac e alegada irregularidade na execução de um convênio finalizado em 2012 pic.twitter.com/V7alajGhjF — Priscila Krause (@priscilakrause) 29 de agosto de 2018 O problema que o governador esconde para facilitar seu discurso eleitoral é que o CNPJ de PE está inscrito na lista de inadimplentes com a União desde 29 de maio.

Atualmente por 2 motivos: débito com a Anac e alegada irregularidade na execução de um convênio finalizado em 2012 pic.twitter.com/V7alajGhjF — Priscila Krause (@priscilakrause) 29 de agosto de 2018 A parlamentar, que integra a Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa, afirmou ainda que o Estado pode não receber crédito, motivo de reclamação de Paulo Câmara sobre Temer. “Nós detectamos novamente que desde 29 de maio o CNPJ de Pernambuco está inscrito no CAUC e isso pode impedir, mesmo com a decisão política, da União repassar recursos voluntários, que são os não obrigatórios”, disse. “Por trás do oportunismo de mudar de lado e esquecer que sempre esteve com Temer, o governador precisa admitir que andou devagar para tirar o estado da lista de inadimplentes.

A inadimplência ocorreu em maio e a ação no STF só foi protocolada em julho, mesmo assim sem a juntada de alguns documentos.

São fatos de responsabilidade da administração estadual”.

Outro aliado de Armando Monteiro que se manifestou sobre a entrevista de Temer foi o prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB). “O governador é o verdadeiro chefe da ‘Turma de Temer’ em Pernambuco.

O próprio Temer disse que Paulo Câmara sempre esteve ao lado dele na condição de um aliado, liberando os secretários para votarem pelo impeachment, sem nem precisar de pedidos”, disse. “Temer deixou claro que tudo não passa de uma jogada eleitoral, que logo depois das eleições Paulo voltará a ser seu amigo, com tudo devidamente pacificado”.

As declarações de Temer foram um dia após se reunir com o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), liderança do grupo de Armando Monteiro.

Vice-líder da bancada governista no Senado, FBC acumula desde essa segunda-feira (28) a liderança, por causa da saída de Romero Jucá (RR), alegando discordância do posicionamento do governo em relação à crise em Roraima, estado onde tenta reeleição.