Estadão Conteúdo - De cada 10 eleitores do presidenciável Ciro Gomes (PDT), 4 estão no Nordeste.

Segundo a mais recente pesquisa Ibope, o pedetista tem 14% das intenções de voto na região (o que significa 42% dos votos dele).

Com esses dados, nomes fortes da campanha de Ciro afirmam que o cenário ideal, pelo menos para levá-lo ao segundo turno, seria a sua consolidação entre o eleitorado nordestino, dobrando suas intenções de voto e evitando a transferência de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato - para o ex-prefeito Fernando Haddad, vice na chapa petista.

LEIA TAMBÉM » Datafolha: Jarbas tem 34%, Humberto e Mendonça empatados com 25% » Paulo Câmara tem 30%, Armando Monteiro 24%, aponta Datafolha » Paulo tem 27% e Armando 21% na primeira pesquisa Ibope JC/TV Globo » Rejeição ao candidato Paulo Câmara é de 43%, aponta Ibope JC/TV Globo » Ibope mostra corrida embolada para o Senado por Pernambuco » Sem Lula, Marina lidera em Pernambuco, aponta Ibope JC/TV Globo Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, Ciro é forte no Nordeste e deve consolidar ainda mais sua liderança no Ceará. “E, nos demais Estados, vamos contar com palanques competitivos”, disse Lupi.

Apesar do otimismo, a matemática não é tão simples - já que o jogo de alianças regionais do PDT atinge um arco que vai do MDB de Renan Calheiros (em Alagoas) ao próprio PT.

Ou seja, a lealdade eleitoral se desenha bastante difusa e pragmática.

A situação já é curiosa no próprio Ceará, Estado dominado pela família Gomes.

O candidato de Ciro é o governador Camilo Santana, do PT.

Líder isolado nas pesquisas, ele não segue a lógica do seu partido e tem empenhado apoio claro ao candidato do PDT em nível nacional.

A presença de Cid Gomes, irmão de Ciro e candidato ao Senado, também é considerada fundamental na região.

Já nos outros Estados nordestinos, o PDT vai ter de trabalhar muito para garantir seu espaço.

Em Alagoas, o partido está na coligação do líder das pesquisas, o governador Renan Filho (filho de Renan Calheiros).

A chapa de Renan Filho também terá o apoio do PT.

As inclinações do MDB local são totalmente lulistas - o que deve dificultar a vida de Ciro no Estado.

No Maranhão a relação também é conflituosa.

O PDT está na coligação (com outros 14 partidos) pela reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB).

Como a deputada estadual Manuela d’Ávila, que também é do PCdoB, é cotada para ser a vice de Haddad, a máquina maranhense deve trabalhar, em nível nacional, pela candidatura petista.

Em Pernambuco, o PT tratou de isolar Ciro ao retirar a candidatura própria e apoiar o governador Paulo Câmara.

Assim, restou à legenda apoiar Maurício Rands (PROS), que hoje tem 2% de intenção de voto.

No Piauí e na Bahia, os pedetistas estão compondo a coligação do PT.

Situação um pouco mais confortável o partido só encontra no Rio Grande do Norte (onde tem candidato próprio), Paraíba e Sergipe (onde aparecem na vice do PSB).

A campanha de Ciro vai reforçar ataques ao PT e ao próprio Haddad no Nordeste.

A missão pedetista é evitar que o ex-prefeito de São Paulo herde os votos de Lula.

Para isso, já trabalham com o discurso da “irresponsabilidade petista” e de carimbar em Haddad a ideia do “poste” e de alguém com poucas ligações com o Nordeste.

Ciro quer conquistar o eleitor que estiver “órfão” do ex-presidente ao tentar desconstruir a imagem de Haddad.

As agendas e ações no Nordeste devem se intensificar na medida em que o ex-prefeito já está visitando os Estados da região.

Hoje, segundo a pesquisa Ibope, Haddad tem apenas 5% dos votos dos nordestinos.

Outras regiões.

O presidenciável do PDT também busca eleitores no Sudeste.

Nesta semana, Ciro focou esforços, e suas primeiras ações de rua, na Grande São Paulo, mais especificamente Guarulhos (anteontem) e Osasco (ontem).

Apesar de pouca militância nas ruas, a proposta do PDT é buscar o eleitorado petista na região - abrindo mão do voto do interior de São Paulo, que já considera perdido para Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL).

Para sobreviver na corrida presidencial, afirmam interlocutores, Ciro vai ter de correr - mantendo “um olho no peixe e outro na gato”.

A agenda dele nos próximos dias confirma essa avaliação.

Hoje, Ciro estará em Brasília e, amanhã, segue para uma extensa agenda no Tocantins - região de Kátia Abreu, vice em sua chapa.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.