Estadão Conteúdo - O ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, disse nesta quinta-feira, 9, que “não enxerga” a dobradinha do capitão-deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) com o general da reserva Hamilton Mourão, filiado ao PRTB, na corrida ao Planalto, como “uma chapa de militares”.

Depois de ressaltar que viu “com naturalidade” a escolha do nome de Mourão, o ministro emendou: “enxergo (uma chapa) de pessoas preparadas ou pelo menos intencionadas a participar do pleito e a sociedade vai dar a resposta e se ela escolher, é porque ela entendeu que é uma boa chapa, se ela não escolher é porque não correspondeu aos anseios da sociedade”.

LEIA TAMBÉM » Por Bolsonaro, PSL lança 13 candidaturas próprias » Bolsonaro diz que escolheu Mourão por ‘critério de governabilidade’ » General Mourão é escolhido vice de Bolsonaro » Sem Lula, Bolsonaro empata com Alckmin em São Paulo, diz CNT/MDA O general Silva e Luna afirmou que não existe discussão sobre questão de hierarquia, na formação de chapa para as eleições, já que Bolsonaro, candidato ao Planalto, é capitão, e Mourão, general quatro-estrelas, último posto da hierarquia militar porque os dois são militares da reserva. “Não vi nenhuma estranheza nisso.

A única coisa que não está pesando aí é a área militar.

Nem se está vendo a figura do general, está se vendo o vice-presidente, nem está se vendo o capitão.

Está se vendo o presidente da República.

Não há questão de hierarquia nisso”.

Questionado sobre se Mourão era um bom nome para a vaga de vice-presidente ao lado de Bolsonaro, o ministro da Defesa disse que não teve oportunidade de fazer esta avaliação porque estava em viagem a Israel e acabara de desembarcar, mas que imaginava que Bolsonaro tenha feito, acrescentando que não via a chapa como sendo formada por militares.

No início da semana, o general Mourão foi alvo de severas críticas de diversos segmentos da sociedade, ao ter declarado, em palestra na Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul (RS), que o Brasil herdou a “indolência” dos indígenas e a “malandragem” dos africanos.

Depois, justificou que a declaração foi feita quando ele se manifestava sobre a herança cultural do País, sem distinção de cor ou raça.

No meio militar, o general Mourão é muito respeitado, tem liderança mas, de acordo com oficiais-generais ouvidos pela reportagem, ainda precisa aprender a lidar com a política.

Por isso mesmo, foi orientado pelos colegas e evitar palestras que costuma fazer pelo País, assim como falar de temas polêmicos.

A fala de Silva e Luna foi feita após a cerimônia de apresentação dos oficiais-generais promovidos, no Palácio do Planalto, que contou com a presença do presidente Michel Temer.

Em seu discurso, Temer elogiou o patriotismo dos militares e lembrou que, embora o Brasil esteja em uma região “livre de tensões geopolíticas”, reconheceu que “defesa não se improvisa”.

E avisou: “não descuramos e não descuraremos do preparo das nossas Forças Armadas”.