Criticado por apoiadores de Marília Arraes após o PT rifar o nome dela para o governo de Pernambuco, o senador Humberto Costa, que teve a candidatura à reeleição na chapa de Paulo Câmara (PSB) homologada neste domingo (5), minimizou o impacto do racha entre os petistas na eleição. “Será uma campanha junto com a campanha de Lula e, à medida em que o tempo vai passando, essas feridas vão cicatrizando.
Eu pretendo fazer uma série de gestos também”, afirmou. “Acredito que o povo pernambucano vai entender perfeitamente o que nos levou a fazer essa aliança, que foi a defesa de Lula, a defesa de uma mudança em termos nacionais e o enfrentamento a esse golpe que foi dado contra o Brasil”, justificou ainda. “Precisamos consolidar um conjunto de partidos em torno da candidatura de Lula ou eventualmente, se ele não for candidato, de quem o substitua.
E o apoio do PSB, ainda que não seja formal, nos ajuda a trazer o Pros nacional e vamos trazer com certeza o PCdoB”.
LEIA TAMBÉM » Marília Arraes confirma candidatura a deputada federal, após ser barrada pela cúpula do PT » Encontro nacional do PT mantém Marília Arraes fora da disputa » Visivelmente desconfortável, Humberto dá as mãos a Marília » Após acordo entre PT e PSB, Marília Arraes diz que não sobe no palanque de Paulo Câmara » Humberto Costa é vaiado e chamado de golpista em encontro do PT de Pernambuco » Marília Arraes é aclamada na convenção nacional do PT A presidente nacional do PCdoB, a deputada federal Luciana Santos, é candidata a vice na chapa.
Humberto Costa ainda divide a majoritária com o deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB), opositor histórico dos governos petistas. “Estamos juntos por Pernambuco, pela Frente Popular, por Paulo, pelo Brasil”, afirmou no seu discurso.
Gesto Humberto Costa usou sua fala para argumentar a favor da aliança com o PSB, que ele ajudou a articular. “O PT fez o seu gesto”, afirmou. “O PT, que tinha perspectivas de ter candidatura que poderia ter bom desempenho eleitoral e até fortalecer o partido, quis ficar com as esquerdas e com Pernambuco”.
O PT anunciou o acordo com o PSB na última quarta-feira (1º), após uma reunião da executiva nacional.
Apesar de os socialistas não integrarem formalmente a aliança, não entregando tempo de televisão, por exemplo, a estratégia os impediu de se coligar com o ex-ministro Ciro Gomes, presidenciável do PDT.
O senador também se dirigiu aos apoiadores de Marília Arraes, que reagiram à decisão nacional. “Aos companheiros do PT: gente, eu serei nessa chapa alguém que defenderá as mesmas ideias que defendi e como senador trabalhei”, deu recado aos petistas.
A executiva estadual do partido estava reunida na sede, na área central do Recife, para discutir a campanha.
Entenda o caso Após meses de negociações conturbadas e vai e vem na articulação, a executiva nacional decidiu na última quarta-feira (1º), por 17 votos a oito em reunião em Brasília, fechar o acordo com o PSB.
Para isso, aceitou retirar a candidatura de Marília Arraes e apoiar Paulo Câmara em Pernambuco.
No mesmo dia, a executiva estadual se reuniu e decidiu manter o encontro de delegados nessa quinta-feira (2).
Entre os delegados locais, ela obteve maioria.
Apesar disso, no diretório nacional, nesta sexta-feira, foram 57 contra o recurso apresentado por dez petistas, incluindo o pernambucano Múcio Magalhães, aliado dela, 29 favoráveis ao pedido de reconsideração.
Marília Arraes foi a São Paulo para tentar persuadir os delegados nacionais a reverter a decisão da executiva, mas não conseguiu.
O diretório ainda decidiu, por 59 a 28 votos, manter a tática eleitoral de apoiar o PSB e o PCdoB.
Os recursos ao encontro nacional, que aconteceu no sábado (5), também não foram aceitos.