Estadão Conteúdo - A três dias da convenção do MDB, o presidente Michel Temer, que é presidente licenciado do partido, lançou uma carta de apoio à candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles nas eleições 2018, fazendo um alerta aos correligionários. “Não precisamos de salvadores da pátria, inventores da roda.

Precisamos de alguém experiente que saiba o que fazer.

E o Meirelles sabe.

Já provou isso”, disse Temer, na mensagem que mandou para os emedebistas via WhatsApp.

Temer já confirmou presença na convenção do partido nesta quinta-feira, 2, quando pretende discursar também a favor de Meirelles e da candidatura própria.

Temer tem direito a dois votos e considera sua presença importante na convenção, já que não pretende deixar de ter influência no processo sucessório, apesar de os candidatos evitarem citá-lo, como aconteceu neste sábado, 28, quando o empresário Paulo Skaf foi lançado candidato ao governo do Estado de São Paulo.

Em sua fala, Temer adverte aos candidatos do partido que a presença de Meirelles na disputa presidencial será importante para a eleição deles mesmos em seus Estados. “No momento em que se aproximam as convenções partidárias, nós chamamos o Meirelles Fizemos isso porque é importante ter um candidato a presidente da República.

Será importante para nossos candidatos a deputado estadual e federal, para senador e governador, ver o 15 do nosso MDB na disputa nacional.

E quem vai representar o 15 é o candidato Henrique Meirelles.

Chamar o Meirelles é reconhecer o trabalho de um profissional que teve sucesso na iniciativa privada, dirigiu um dos maiores bancos internacionais do mundo”, afirma o presidente.

LEIA TAMBÉM » Governo estará com Meirelles ou não terá candidato, diz Padilha » Após Centrão formalizar apoio a Alckmin, Temer diz que Meirelles segue candidato » Meirelles ironiza Renan Calheiros. ‘Contraste de biografias entre ele e eu me favorece” Apesar das criticas de setores do MDB, liderados pelo senador Renan Calheiros (AL), o governo está convencido de que Meirelles não terá problemas para ter seu nome chancelado na convenção de quinta-feira e que conseguirá obter 450 dos 629 votos dos delegados.

Meirelles hoje tem apenas 1% das pesquisas de intenção de votos.

Michel Temer fez questão de lembrar que a importância de Meirelles na recuperação da economia do País contou com o seu apoio “pessoal, político e institucional”.

Temer, com esse discurso, tenta convencer os aliados a defenderem seu legado. “Você sabe e conhece as reformas que foram feitas no País.

Não só na economia.

Não só os juros, a inflação, mas a situação das empresas estatais, a realidade da educação, meio ambiente e saúde.

E veja o que nós fizemos ao longo do nosso governo.

Mudamos o Brasil”, ressaltou. “Neste trajeto foi importantíssima a ação da equipe que conduziu a economia com todo meu apoio.

Pessoal, político e institucional da Presidência da República.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, montou um time do melhor nível que permitiu avanços para combater o desemprego no País.

E foi essa ação conjunta que permitiu os excelentes resultados que alcançamos em curto período de tempo e logo após a recessão de nossa história”.

Para Temer, “a esperança foi renovada em nosso país.

E isso se deve ao nosso MDB e ao ministro Henrique Meirelles”.

Temer salienta que Meirelles é uma figura “inatacável” e “que já fez muito pelo País”.

Citou ainda que “o chamamento do Meirelles é a busca de se unir a boa política com a eficiência econômica. É o encontro do Brasil com um futuro melhor.

Para todos.

Naturalmente, chamando o Meirelles”.

Para o presidente, o país precisa de “otimismo cívico” que o MDB já mostrou que pode oferecer ao Brasil e que continuará fazendo. “Basta ver o documento chamado Avançamos, onde todas as vitórias desses dois anos estão registradas.

São vitórias de nosso partido, que você pode defender na disputa deste ano.

E ao defender as cores do nosso MDB, defender também a figura inatacável de Henrique Meirelles, que muito já fez pelo nosso país.” Em maio, Temer avisou que não seria mais candidato e anunciou apoio ao nome de Meirelles.

Na carta, depois de lembrar que ele foi eleito deputado federal em 2002, mas foi chamado para presidir o Banco Central num momento delicado da nossa economia e, foi exitoso", acrescenta que “agora, novamente foi chamado para enfrentar uma forte recessão e, de novo, venceu com a equipe que mencionei anteriormente”.

Na semana passada, em entrevista ao jornal O Estado de S.

Paulo, o presidente do MDB, Romero Jucá (RR), disse que a campanha de Meirelles ao Palácio do Planalto vai olhar para o futuro, e não pelo retrovisor. Às vésperas da convenção que oficializará a candidatura de Meirelles nas eleições 2018, em 2 de agosto, a cúpula do MDB e o governo decidiram adotar nova estratégia.

A ordem, agora, é descolar o ex-ministro da Fazenda da impopularidade do presidente Michel Temer, na tentativa de fazer com que ele saia do 1% de intenção de voto. “Vamos mostrar que Meirelles não é o resultado do governo Temer.

Quem inventou o Meirelles na área econômica não foi o Temer.

Foi o Lula”, afirmou Jucá, líder do governo no Senado, ao lembrar que o ex-ministro comandou o Banco Central na gestão do petista.

Meirelles é definido pelo senador como “um outsider na política, um radical de centro”.