Com informações do site CONJUR Sem alarde, o juiz Antonio Pimenta Gonçalves, da 49ª Vara do Trabalho de São Paulo, decidiu que o copiloto do avião que caiu em 2014 e matou o ex-governador Eduardo Campos (PSB) não tinha vínculo de emprego com o PSB ou com a então candidata a vice da chapa Marina Silva, hoje na REDE.

Apesar de a ação ter sido improcedente em relação ao PSB e Marina, foram condenados na mesma ação os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Apolo Santana Vieira e a Bradesco Seguros.

Entre verbas trabalhistas e indenizações os condenados terão que pagar cerca de R$ 4,5 milhões à família do copiloto Geraldo Magela Barbosa da Cunha.

A decisão foi publicada em abril e confirmada em embargos de declaração julgados no fim de junho.

De acordo com o juiz, não há provas de que o PSB tenha participado da contratação do copiloto, pagado seus salários ou dado ordens.

Segundo o magistrado, o PSB destinava recursos à campanha de Eduardo Campos, mas não controlava sua agenda nem providenciava suas viagens.

Sobre Marina Silva, que à época do acidente era candidata a vice-presidente de Campos e assumiu a cabeça da chapa após sua morte, o juiz apontou que além de não existirem provas de que ela mandava no copiloto, não há sequer demonstração de que seguia a mesma agenda do líder do PSB.

Tanto que Marina não estava no avião que sofreu o acidente.

Os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira ficaram conhecidos em Pernambuco pelo envolvimento em investigações da Polícia Federal.

APOLO Apolo Santana Vieira, preso durante as diligências da Operação Turbulência, em 2016, começou a ganhar notoriedade e vincular-se às investigações da Policia Federal depois de ter figurado como avalista da aquisição da aeronave PR-AFA (do acidente com Eduardo Campos), tendo utilizado para tantos recursos oriundos de uma empresa supostamente fantasma, de nome Geovane Pescados.

O empresário é apontado como proprietário, de fato ou de direito, de um conglomerado de 18 empresas. “A despeito de possuir todas aquelas empresas, ressalte-se que ele somente possui um único veículo registrado em seu nome, além de duas embarcações”, observou a Polícia Federal na investigação.

Nas investigações do caso, o MPF disse que Apolo Santana Vieira possui aparentes vinculações com aos menos quatro empresas fantasmas.

Segundo o MPF e a Polícia Federal, em geral essas empresas realizaram operações suspeitas – a maior parte delas por meio de emissão de títulos – figurando como beneficiários diversas pessoas que integram a chamada, pelo MPF, organização criminosa.

Segundo as investigações da Polícia Federal, a sua irmã Patrícia Santana Vieira, funcionária da empresa Smartcred Securitização de Créditos, teria remetido valores expressivos para a conta da empresa fantasma Geovane Pescados.

Ainda segundo as investigações da Polícia, o empresário movimentou recursos em transações junto a conta das empresas MS Pescados e da empresa ASV Holding, onde figuravam como beneficiários os filhos e sua esposa Diana Margarida, no período de 01 de fevereiro de 2016 a 11 de março de 2016, no montante de R$ 3,7 milhões.

A MS Pescados é apontada como empresa fantasma pela Polícia Federal.

JOÃO CARLOS LYRA João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho fez delação premiada na Lava Jato, já homologada pelo STF, apontando supostos ilíticos de políticos e pessoas ligadas ao PSB.

Alvo das Operações Lava Jato e Turbulência e suposto dono do avião usado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB) na campanha presidencial, afirmou em acordo de delação premiada que repassou, de 2010 a 2014, dinheiro de empreiteiras interessadas em negócios com o governo estadual a Aldo Guedes, ex-auxiliar do socialista.

Parte desses recursos teriam saído de empresas suas que tinham contratos com as construtoras para obras federais, como a transposição do rio São Francisco, o Píer Petroleiro do Porto de Suape e o Canal do Sertão Alagoano. “Todos os contatos referentes ao repasse de valores a Eduardo Campos eram feitos pelo colaborador com Aldo Guedes”, relata o termo de colaboração firmado por Lyra com o Ministério Público Federal (MPF), em que diz ainda que nunca conversou com Eduardo Campos diretamente sobre os supostos acertos e que o viu apenas em eventos sociais. “Os repasses de valores ocorreram, na maior parte das vezes, na garagem do prédio residencial em que Aldo Guedes mora, na Avenida Boa Viagem (…); também ocorreram entregas de valores em locais públicos aleatórios”, afirmou o empresário, na delação ao MPF.

Os termos da colaboração de Lyra estão sob sigilo, mas vazaram ao ser compartilhados em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga o ex-senador Vital do Rêgo, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

O empresário prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) no Recife, no dia 17 de janeiro de 2017, quatro meses após ser solto e passar a responder em liberdade à ação da Turbulência, que depois foi trancada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

Lyra afirmou que havia quatro formas de entregar a suposta propina a Aldo Guedes: apenas repassando o dinheiro das empreiteiras, gerando caixa dois para as empresas através de notas fiscais superfaturadas e repassando ao ex-auxiliar de Eduardo Campos ou a outros políticos, por meio de firmas abertas no exterior ou em transações envolvendo um escritório de advocacia em São Paulo.

Segundo Lyra, alguns encontros com o ex-auxiliar do socialista chegaram a acontecer na Companhia Pernambucana de Gás (Copergas), empresa que tem participação do governo estadual e foi presidida por Aldo Guedes.

Mas, de acordo com o depoimento dele, essas reuniões serviam apenas para acertar outros lugares para a entrega do dinheiro e os repasses não teriam acontecido lá.

Em sua delação, Carlos Angeiras, ex-executivo e delator da Odebrecht, também descreveu reuniões com Guedes na Copergás.

João Carlos Lyra contou que os dois combinavam os encontros em ligações feitas pela secretária de Aldo Guedes ou através de telefones pré-pagos entregues prontos, para onde eram enviadas mensagens solicitando as reuniões.

O empresário também relatou “que os repasses de valores ocorreram, na maior parte das vezes, na garagem do prédio residencial em que Aldo Guedes mora, na Avenida Boa Viagem (…); Que também ocorreram entregas de valores em locais públicos aleatórios”.

De acordo com Lyra, foi Aldo Guedes quem o procurou, em 2013, para dizer que Eduardo Campos iria se candidatar à presidência e precisaria de um avião para a campanha.

O empresário, então, teria procurado Apolo Santana Vieira, também alvo da Operação Turbulência, para que o socialista usasse o avião dele e depois os dois abrissem uma empresa de táxi aéreo em uma sociedade entre Lyra, Apolo, e Aldo Guedes.