Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência da República, afirmou que, se eleito, colocaria o Judiciário e o Ministério Público de volta em suas “caixinhas”.
Nesta terça-feira, Ciro Gomes disse: “Lula só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder”.
Victor Hugo Palmeiro de Azevedo Neto, presidente da CONAMP, entidade que congrega cerca de 15 mil procuradores e promotores de Justiça de todo o País, lamentou os recorrentes ataques de Ciro – na semana passada, o pré-candidato xingou uma promotora após abertura de inquérito para investigá-lo por acusação de racismo.
LEIA TAMBÉM » ‘Acho que Deus está me ajudando’, diz Ciro sobre afastamento do Centrão » Concurso público no Ceará tem pergunta sobre família de Ciro Gomes » ‘Vamos ver o que escapa para mim desse balé’, diz Ciro sobre alianças “Infelizmente, o debate, que deveria ser eleitoral e envolver as propostas de governo dos presidenciáveis, assume o papel de uma tentativa de enfraquecer a atuação do MP, uma das poucas instituições do País que tem procurado impedir e reprimir o uso indevido da máquina e dos recursos públicos por organizações criminosas que há muito sangram os cofres públicos do Brasil”, declarou.
Para o presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP), além de revelar grave ameaça, as palavras do pré-candidato são consideradas um ataque à instituição, à sociedade e ao Estado Democrático de Direito, ferindo de morte a Constituição Federal que deu autonomia e independência ao Ministério Público, e reservou-lhe a função de defender a ordem jurídica, a democracia e de garantir a efetividade dos direitos sociais e individuais. “As declarações de Ciro Gomes assumem o protagonismo na tentativa de enfraquecer a atuação do Ministério Público, quando o pré-candidato deveria se concentrar em fortalecer uma das mais relevantes instituições do País, como pede a sociedade.
Como presidenciável, não poderia adotar postura flagrantemente transgressora da ordem jurídica e que retira da sociedade a fé de que a lei deve ser igual para todos”, afirma Victor Hugo.
Ciro diz que foi mal interpretado e que quer ‘restaurar o império da lei’ No Estadão Conteúdo Após ser criticado por juristas e analistas, o candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) afirmou que as declarações de que, se eleito, colocaria o Judiciário e o Ministério Público de volta em suas “caixinhas” foram tiradas de contexto para gerar intrigas.
Na ocasião, também disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “só teria chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder”.
As declarações foram dadas em Ananindeua, no Pará, onde o candidato participou da convenção estadual do seu partido nesta quarta-feira, 25, e são uma resposta às informações reveladas em reportagem do jornal O Estado de S.
Paulo.
No Pará, o pedetista disse que essa declaração foi tirada do contexto. “Quando eu disse a gente, eu não quis dizer eu.
Quis dizer os democratas, os que têm compromisso com o Estado democrático de direito, com o restabelecimento da autoridade, do império da lei que, no Brasil, parece estar completamente deformada”.
Segundo ele, o termo caixinha foi uma figura de linguagem usada para explicar que Judiciário e Ministério Público “não podem se meter em tudo”. “Isso é uma expressão que todo mundo conhece.
Só a fraude tenta fazer esse tipo de intriga.
No Brasil, está cada um trabalhando fora da sua caixa”, disse o candidato.
Ciro defendeu, ainda, a necessidade de restaurar “o império da lei”. “O Judiciário julga, o Legislativo legisla e o Executivo executa.
Não é possível que o Judiciário queira executar. (Não é possível) que no Brasil cada prefeito esteja subordinado ao constrangimento, à humilhação de um jovem membro do Ministério Público que, ainda que de boa fé, deforme reputações, se meta onde não deve.
O País não aguenta mais essa baderna”, declarou pouco antes de subir ao palanque.
No dia 20, a convenção nacional do PDT confirmou sua candidatura ao Planalto.
Ainda falta definir quem será o vice.
Viagem Ciro Gomes desembarcou na manhã de quarta-feira em Belém e seguiu para um ginásio no município de Ananindeua, na região metropolitana, onde era esperado por membros do PDT e também pelo prefeito da cidade, Manoel Pioneiro, do PSDB.
Outro convidado especial da convenção do PDT foi o pré-candidato ao governo do Estado pelo DEM, Márcio Miranda.
No Pará, o PDT apoiará Miranda, que terá como vice um nome a ser indicado pelos tucanos.
Indagado sobre a aliança, o pedetista afirmou que “o Brasil é uma federação complexa” e que, no Pará, o objetivo é derrotar o MDB.
No Estado, a sigla tem como candidato ao governo o ex-ministro Helder Barbalho, filho do senador Jader.
O PDT negocia também aliança com o PSD, partido que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Se olhar para trás, é quase impossível (explicar a aliança para os eleitores), mas estamos olhando para frente”.
Indagado se as alianças não deixariam os eleitores confusos, afirmou que “o povo brasileiro é mais inteligente do que julga o nosso vão jornalismo”.