Estadão Conteúdo - Em três meses de governo, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, viveu seu pior momento na vida pública quando teve de ceder à “bolsa caminhoneiro” em meio à greve da categoria que travou o abastecimento no País.
Desde que passou a comandar a equipe econômica, ele abriu mão de pontos nas votações no Congresso e fez avançar parte da pauta que se comprometeu a cumprir quando assumiu o cargo.
LEIA TAMBÉM » Guardia diz que preocupação do governo é com o futuro das contas públicas » Não há recursos para subsidiar gasolina e gás de cozinha, diz Guardia » Guardia diz que Congresso aprovou medidas importantes Com a farra fiscal promovida pelos parlamentares às vésperas das eleições, Guardia se transformou num “ministro equilibrista” na corda bamba entre conseguir aprovar projetos prioritários e tentar salvar o ajuste fiscal.
A cada avanço em um projeto de interesse do governo, ele precisa lidar com a pressão por aumento de gastos, como o projeto que beneficia transportadoras de carga e pode custar R$ 8,5 bilhões por ano. “Não posso sofrer de excesso de ansiedade.
Tenho de ir administrando um problema a cada dia”, diz, quando questionado sobre a estratégia do governo para lidar com a pauta bomba de R$ 100 bilhões que tramita no Congresso.
Embora contrário à concessão de benefícios, Guardia afirma que a bolsa caminhoneiro teve zero impacto fiscal, pois foi compensada por outras ações.
E destaca a atuação da Fazenda no Banco Central para conter o pânico nos mercados após a crise dos transportes. “Foi uma das coisas mais difíceis que enfrentei no governo e a gente conseguiu uma solução que preservou integralmente o fiscal.
Você passar por uma dificuldade dessa sem ter deterioração do fiscal é uma coisa digna de nota.” O tripé que ele destacou como prioridade quando assumiu o cargo foi a reoneração da folha de pagamento, a privatização das distribuidoras da Eletrobrás e a revisão do contrato de cessão onerosa com a Petrobrás.
Apenas a reversão de parte dos benefícios às empresas na folha de salários passou pelo Congresso.
A cessão onerosa - obsessão do ministro - passou na Câmara, mas não conta com a boa vontade do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).
O ministro dá como perdida a privatização da Eletrobrás.
O esforço agora é para leiloar as seis distribuidoras da estatal.
A venda das empresas deficitárias no Norte e Nordeste enfrenta a oposição de parlamentares e uma guerra jurídica.
O projeto é boicotado por interesses regionais até de integrantes da base, como o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR).
Guardia tem evitado bater de frente com os presidentes da Câmara e do Senado e até elogia o diálogo com Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício. “Lembro que várias matérias diziam que eu não ia dialogar com o Congresso, mas o diálogo está na mesa.
Temos enfrentado os problemas e buscado soluções.” Na prática, tanto Eunício quanto Maia continuam criando dificuldades para a equipe econômica.
O Planalto também não tem ajudado, se mantendo em silêncio ou dando carta branca para os parlamentares alterarem propostas do Executivo.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.