Estadão Conteúdo - O manifesto de fundação do PSDB disse que o partido nascia longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas O partido está hoje perto disso?

FHC - O PSDB esteve mais perto do pulsar das ruas quando apoiou as medidas necessárias para manter o real.

Lembrem-se que eu ganhei a eleição e a reeleição no primeiro turno.

Depois, fora do governo federal, o PSDB manteve o controle político em expressivos Estados, como em São Paulo.

Mas é indubitável que a crise político-moral que a Lava Jato desvendou levou todos os partidos para longe do pulsar das ruas.

Estadão Conteúdo - O PSDB está mais liberal do que antes?

FHC - O PSDB é hoje mais liberal, mas não menos socialmente orientado.

LEIA TAMBÉM » Sem celebração, PSDB completa 30 anos » ‘Você não muda as lideranças por decreto’, diz José Serra Estadão Conteúdo - Na sua avaliação, por que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tem um desempenho fraco nas pesquisas se comparado às pesquisas do mesmo período desde 1994?

FHC - Porque a sociedade mudou muito, os novos meios de comunicação estão à disposição do eleitorado e o momento é difícil para quem está no governo.

Entretanto, é cedo para avaliar.

O jogo eleitoral para o povo começa mesmo quando a televisão e o rádio entram.

Estadão Conteúdo - O que o PSDB deve fazer para recuperar seus eleitores e retomar militantes?

FHC - Dadas as características do momento brasileiro, a mensagem, a conduta moralmente correta de quem a emite e o desempenho dos atores políticos serão essenciais.

Estadão Conteúdo - O que a prisão de Eduardo Azeredo significa para o PSDB?

FHC - O Eduardo está sofrendo as consequências do que hoje ocorre: o passado é julgado pela métrica do presente.

Além do mais, há uma busca na mídia por “equidistância”.

Assim como houve um mensalão do PT, fala-se de um mensalão do PSDB mineiro, que não houve.

O que houve, sim, foi caixa 2, que também está capitulado no Código.

E o Eduardo teria sido beneficiário eleitoral, mas provavelmente não ator do delito.

Mas para a opinião pública, é tudo “farinha do mesmo saco” e o partido paga o preço, além dele próprio, que foi condenado a 20 anos.

Junto com Justiça, há também algo de vindita (vingança).

Tempos bicudos.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.