O movimento grevista dos caminhoneiros tem afetado a produção e comercialização agropecuária também em Pernambuco.

De acordo com levantamento preliminar feito Federação da Agricultura do Estado (Faepe), inclusive com informações nacionais colhidas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o bloqueio das estradas e dos transportes tem resultado em impactos imensuráveis para o setor.

Segundo, Pio Guerra, presidente da Faepe, as cadeias produtivas de leite, aves, frutas e suínos estão sendo as mais afetadas em Pernambuco, de acordo com informações colhidas entre vários sindicatos rurais filiados à Faepe, no Agreste e Sertão pernambucano. “As limitações impostas no transporte de cargas têm prejudicado o fornecimento de insumos as propriedades agrícolas, a manutenção do manejo adequado das atividades agropecuárias e a correta distribuição de seus produtos, a grande maioria perecíveis”, informou o presidente.

Com as principais rodovias que ligam a Região Metropolitana do Recife (RMR), Agreste e Sertão do Estado bloqueadas esta semana, são sentidas perdas diretas em produtos lácteos, pintos de um dia e frutas frescas, dentre outros.

De acordo com a Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), a falta de combustível e de caminhões - que estão parados nas estradas, já traz prejuízos para o segmento, com parte da produção estocada nas granjas ou nas estradas.

A associação estima, ainda, perda de 15% da produção mensal no Estado, durante os quatro dias de paralisação.

Relatos de avicultores indicam falta de ração em várias granjas. “A exportação de frutas enfrenta ainda mais dificuldades, pois mesmo com a emissão da documentação necessária e com o cumprimento de todo o procedimento legal, o produtor não conseguirá atender o prazo de entrega estabelecido em contrato pelo comprador”, informam.

As cargas de manga e uva de produtores-exportadores da região do Vale do São Francisco estavam impossibilitadas de sair do município em direção aos portos.

As frutas estão sendo mantidas em caminhões frigorificados e os custos com a manutenção da cadeia de frio para as cargas reduz diretamente a margem de lucro do produtor.

Desde o início da greve, a região já registrou perda de 25% na produção da semana.

De acordo com a entidade, não haveria mais espaço para resfriamento dessas frutas, a partir da próxima semana.

Caso a greve continue, o Sindicato Rural de Petrolina estima que a produção de uva e manga do Vale tenha 80% de perda, entre os dias 28 de maio e 01 de junho.

Além disso, o abastecimento no mercado interno também já está comprometido.

Abatedouros de caprinos, ovinos e suínos também estão com a produção e o transporte de mercadorias parados, porque os animais não podem ser entregues.

Além disso, abates já foram cancelados em diversas regiões do Estado.

Outro agravante se refere à morte de animais nas estradas devido à falta de condições de chegada as unidades de abate.

Depoimentos de produtores afirmam que vários estabelecimentos agrícolas, entre frigoríficos e abatedouros, estão deixando de operar em Pernambuco.

Essa é a realidade Frigorífico Monte Alegre, que está com 4 caminhões parados nas estradas estaduais.

Entre os animais presos estão cerca de 120 suínos e mais 200 caprinos e ovinos.

Em relação às feiras e exposições agropecuárias, a Faepe informou que muitos estão praticamente sem circulação de animais.

A Feira Semanal de Caprinos e Ovinos de Dormentes, que atrai compradores da RMR e do Agreste de Pernambuco, e de outros Estados, já teve a comercialização de 3 mil animais interrompida de 3 mil animais, na quinta e sexta-feira (24 e 25), prejudicando o abastecimento de vários estabelecimentos comerciais consumidores. “É imprescindível a redução das elevadas cargas tributárias federal e estadual que tanto impactam a produção pernambucana e brasileira.

Por isso, a federação reforça a necessidade de se buscar uma solução definitiva”, disse Pio Guerra.