Por Jadir Rocha, em artigo enviado ao blog A crise no transporte desmascara a real situação econômica em um país em agonia.

Diante de uma política de preços do barril petróleo, que tornam flutuantes as variações, seja por efeitos cambiais ou pela valorização ou não no mercado internacional, ocorreram aumentos sucessivos, atingindo um patamar de 46% até maio deste ano.

Além de reflexos externos, a crise recessiva gerou uma forte desaceleração do setor produtivo, consumo menor, menos produtos nas indústrias e, consequentemente, redução na demanda por transporte. É bom lembrar que o país opera a distribuição da produção industrial através das estradas – em sua maioria, em estado precário.

Resumindo, dependemos totalmente do sistema de transporte terrestre.

Avaliando o contexto da crise, percebe-se que os caminhoneiros não têm como repassar o aumento do combustível para a indústria, já em recessão.

Consequentemente, a classe absorveu boa parte destes sucessivos aumentos.

E diante de um caminho sem volta, a classe dos caminhoneiros parou o país.

Mas, por trás de toda a conjuntura, há um verdadeiro câncer, que é o complexo e arcaico sistema tributário brasileiro.

Observa-se que o setor produtivo vem sofrendo, ao longo de décadas, com uma elevada carga tributária e um dos produtos mais onerados é o combustível.

Imposta pelo Governo aos combustíveis, a carga tributária varia de 30% a 40% do preço final.

O Brasil cobra impostos, sobre impostos e onera um dos setores mais importantes da economia, que é o de transportes.

Impostos como a CIDE, PIS e COFINS, IRPJ, CSLL, ICMS representam uma grande fatia desta política injusta.

Isoladamente, a retirada da CIDE pouco interfere na redução de preços.

A desoneração tributária no preço do petróleo é um mal necessário, porém, temporário.

A solução, na verdade, passa por uma ampla reforma tributária. É bom reforçar que o Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo e com a maior quantidade de taxas e impostos diferentes.

De 30 nações, Brasil oferece o menor retorno dos impostos ao cidadão e a crise nos transporte é só a ponta do iceberg. É difícil explicar esse sistema tributário até mesmo a uma empresa estrangeira que quer se instalar no país.

E aqui, cada vez mais a sociedade brasileira clama por um sistema tributário justo e por políticas econômicas sérias diante de uma crise moral e ética.

Jadir Rocha é auditor, tributatista e diretor-geral da Contti