Não é apenas pelos R$ 0,05 Moreira Franco é ministro de Minas e Energia, em O Globo Chegou a hora de a sociedade debater a carga tributária que recai sobre os combustíveis.

A decisão do Governo federal de zerar a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide), que incide sobre o diesel, significa mais do que uma redução de R$ 0,05 no preço ou uma resposta ao movimento grevista dos caminhoneiros.

O que estamos propondo é um esforço nacional para desonerar a cadeia energética.

Energia é um insumo que permeia toda a sociedade.

Pessoas fábricas, residências, pequenas empresas, todos usam energia em suas atividades diárias.

E é por isso que, até 2026, os investimentos em infraestrutura energética vão alcançar R$ 1,4 trilhão e gerar milhares de empregos.

Quando assumi o Ministério de Minas e Energia, recebi, dentre outras, a missão de reduzir a carga tributária do setor.

Energia abundante e com preço justo é condição para o Brasil crescer.

Mas esta não é uma luta só do Governo federal.

Cerca de 44% do preço final da gasolina são impostos: 16% são federais e 28% são de ICMS, um imposto estadual.

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Sozinho, o Governo federal não consegue mudar o quadro tributário.

Estamos fazendo a nossa parte.

Zeramos a Cide e vamos discutir outros tributos.

Mas revisões de impostos se faz com responsabilidade, sem comprometer o ajuste fiscal.

Foi a responsabilidade com as contas públicas - que começou com o presidente Temer - que tirou o Brasil da maior crise econômica da história.

A simplificação tributária é o caminho.

E aí o Congresso Nacional tem papel importante.

Nossas propostas visam a reduzir impostos em áreas estratégicas, corrigir isenções injustas que deram privilégios a alguns setores em detrimento de outros.

Mas sem desviar do caminho que está devolvendo o Brasil ao rumo do crescimento.

Destaco que os caminheiros têm o direito de manifestação.

Mas a sociedade não pode ser sequestrada com esses bloqueios.

Já há ameaça de falta de combustível em aeroportos e empresas de ônibus; produtores de alimentos contabilizam milhões em prejuízos com cargas que se perdem nas estradas.

O Brasil é uma democracia. É na mesa que conflitos de interesse são solucionados.

Agora é negociar: Governo federal, governadores, Congresso e caminhoneiros.

Este é o caminho que a democracia nos impõe.

Não há caminho fora da democracia.