Por Luciano Freitas Filho, em artigo enviado ao blog Um fato pode ser narrado sob diversas formas, olhares, a depender das intencionalidades daquele que narra.

Obviamente, dependendo do poder que goza determinados sujeitos, em determinados espaços de tempo, pesam as narrativas desses mesmos sujeitos e a hegemonizacão das mesmas é o que se consolida.

Entretanto, o poder é movel, é pulverizado, tem movimentos perenes e/ou finitudes que se deslocam de acordo com as forças mobilizadas por demandas sociais diversas.

Assim, eis o debate em questão , após tantas delongas e rodeios: com ou sem aliança política entre o PSB/PE e o PT/PE quem sai perdendo nesse jogo é o senador Humberto Costa.

Ponderemos algumas questões básicas: o senador Humberto Costa não tem levado em consideração, desde os empasses políticos na época da reeleição do prefeito João da Costa, que gradativamente tem perdido o diálogo com a militância, com sua base; essa falta de diálogo e tomada de decisões de cima pra baixo, na base da caneta e do “cumpra-se” gera desconfortos, insatisfações e promove revolta.

Não é a toa que isso se reflete em números e implica em insucessos , a ver como exemplo a não eleição de seu filho enquanto vereador no pleito de 2016.

Em 2016, vale recordar, a vereadora Marília Arraes foi reeleita como a 6a mais votada no município.

A candidatura de Marília Arraes, enquanto candidatura própria do PT para o pleito de 2018, representa os anseios de uma maioria da base de militantes filiados ao partido, desde aqueles organizados em sindicatos, àqueles organizados em movimentos sociais feministas, LGBT, do campo ou os mais independentes. É um clamor de um coletivo descontente com os dissabores do golpe de 2016 (apoiado pelo PSB) e insatisfeitos com a falta de diálogo e desacertos do governo Paulo Câmara com esses referidos movimentos sociais.

Não se trata de uma vontade isolada, aventureira e irresponsável por parte da vereadora, muito pelo contrário, eis uma candidatura reafirmada em reuniões de diretórios municipais e em acordos firmados em instância estadual em 2017 ( segundo os próprios dirigentes petistas anunciaram na época).

Caso essa aliança tenha o aval da Executiva Nacional petista -a partir das articulações do senador Humberto Costa e à revelia das decisões em instâncias estaduais do partido, negando candidatura própria do PT estadual- ela pode gerar descontentamentos diversos como os já afirmados em atos como o de domingo, 20/5, no clube internacional: " caso haja a aliança com os traídores do PSB, votaremos nulo, não votaremos nessa chapa ilegítima que não nos representa." A própria reeleição do senador sem a base, pois, é posta em xeque.

A não ser que o PSB abra concessões e rearticule arranjos próprios para garantir o mandato do senador em âmbito federal.

Caso contrário, ele corre o risco de não ser reeleito.

O PSB, igualmente, sai vitorioso em partes.

Não sai com a garantia de votos e adesões necessárias para uma reeleição tranquila do governador Paulo Câmara, vai ser preciso que ambos convençam essa militância acerca de possuir condições para executar um projeto de esquerda , o qual fora esquecido anos atrás e no atual governo psbista.

Já a vereadora Marília Arraes, sai fortalecida para pleitos em 2018 ou futuros.

Desponta com aliados como uma liderança jovem que segue carregada pelos braços da militância petista e entoando um coro unissono dentro do partido.

Enfim, alguém que ouve e dialoga com essa militância e seus respectivos anseios.

Valerá de fato consolidar tal aliança?

As perdas realmentes foram calculadas?

Quem realmente ganha e quem realmente perde nesse jogo?

Por ora entoemos os versos da canção " the winner takes it all, the loser get small…" Luciano Freitas Filho apresenta-se como doutorando em Educação pela UFRJ e ex-filiado ao PSB (ex-Secretário Nacional LGBT do PSB e ex-membro da Executiva Nacional do PSB).