Pré-candidato à presidência da República pelo PSL, o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) questionou o memorando da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos que afirma que o presidente Ernesto Geisel (1974-1979) decidiu manter a política de “execução sumária” de opositores do regime militar. “O momento era diferente.
Ou a gente botava para quebrar ou o Brasil estava perdido”, afirmou o parlamentar em entrevista à rádio Super, de Belo Horizonte (MG), defendendo a ação dos militares durante a ditadura. “Quem nunca deu um tapa no bumbum do filho para se arrepender?”, comparou. “Se nós tivéssemos agido como a Colômbia, com humanismo para tratar esse foco de guerrilha, nós teríamos no coração do Brasil uma Farc”, disse ainda Bolsonaro sobre a Guerrilha do Araguaia. “Essas pessoas não tem qualquer amor a democracia e a liberdade, querem o poder absoluto sempre”.
LEIA TAMBÉM » Ditadura militar: Geisel autorizou ‘execução sumária’ de militantes, diz CIA O memorando foi escrito em abril de 1974 por William Colby, então diretor da CIA.
O documento afirma que Geisel continuou a política de “execução sumária” de opositores praticada pelos órgãos de segurança durante a presidência de Emílio Garrastazu Medici (1969-1974), militar que estava no poder antes dele.
Geisel, porém, segundo o documento, impôs condições ao Centro de Informações do Exército (CIE), órgão apontado como responsável pelas execuções: elas só deveriam ocorrer em casos excepcionais e com a autorização do Palácio do Planalto, mediante consulta ao diretor do Serviço Nacional de Informações (SNI), general João Baptista Figueiredo, que ocupou a presidência de 1979 a 1985. “O que pode ter acontecido com esse agente da CIA?
Quantas vezes você não falou no canto: ‘ah, tem que matar mesmo, tem que bater’?
Você já falou: ’tem que dar canelada, tem que dar uma de Júnior Baiano, entrar com os dois pés no pescoço adversário'.
Talvez esse cara tenha ouvido uma conversa como essa, feito o relatório e mandou”, descreditou o material.
O Departamento de Estado Americano tirou do memorando a classificação de confidencial em 2015, ao lado de outros 404 documentos envolvendo oito países da América do Sul.
Eles cobrem o período entre 1973 e 1976, durante as presidências dos republicanos Richard Nixon e Gerald Ford.
Foi descoberto pelo pesquisador Matias Spektor, professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O memorando tem o número 99 e é da gestão Nixon. “Vamos contar a história como um todo.
Um memorando de um agente da CIA que ninguém viu diz que executamos 104.
Aí não vale, vamos tratar com seriedade isso”, afirmou.
O documento está no site do governo dos Estados Unidos.