Três dias após assumir publicamente pela primeira vez que defende a aliança do PT de Pernambuco com o governador Paulo Câmara (PSB) nestas eleições, Humberto Costa, líder da oposição no Senado, levou para a Casa a discussão que divide o Partido dos Trabalhadores no Estado.
Em discurso na tribuna, na tarde desta quarta-feira (9), não citou nomes, mas alfinetou o grupo da vereadora do Recife Marília Arraes, pré-candidata ao governo. “É necessário reconhecer que o PSB tem feito gestos em favor da construção dessa aliança, e o PT não pode se negar à discussão da formação desse campo progressista.
Mais que isso, o nosso partido deve usar da altivez, da inteligência e da maturidade adquiridas em 13 anos à frente do País, para colocar os interesses da população, do Brasil e de Pernambuco antes dos interesses partidários e, principalmente, dos interesses pessoais”, afirmou o parlamentar.
O petista é cotado para uma das vagas ao Senado na chapa socialista, que também deve ser composta por Jarbas Vasconcelos (MDB).
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PSB fica livre para aliança com PT » PT de Pernambuco adia para junho decisão sobre candidatura própria » PT pode ser mais um partido a pleitear a Paulo Câmara vaga ao Senado » ‘Nosso prazo não é condicionado à posição do PT’, diz Armando » Após ala do PT defender apoio, Paulo se encontra com Fernando Haddad “É hora de deixarmos de lado as divergências, o pseudorradicalismo e os personalismos, para convergirmos a um objetivo comum, que é derrotar esse governo e retomar um projeto interrompido de Brasil”, disse ainda. “Particularmente, defendo que o PT passe a integrar essa aliança, para fazer face às candidaturas que representam o projeto de Michel Temer em Pernambuco.
Sozinho, o nosso partido não terá a força necessária para esse enfrentamento e ficará isolado, correndo o risco de impor um sério revés à formação das suas bancadas federal e estadual”, opinou. “Integrar um bloco sólido em defesa de um projeto para Pernambuco e para o Brasil, no qual o PT terá um papel protagonista, é o melhor caminho para devolver ao Estado o fantástico desenvolvimento econômico e social que experimentou, quando Lula e Dilma governaram este País”.
Humberto enfatizou que PCdoB e PDT, aliados nacionais dos petistas, estão no bloco de Paulo Câmara. “O que o momento pede é união. É disso que precisamos para restaurar a democracia, libertar o presidente Lula, assegurar sua candidatura nas eleições deste ano e devolver ao Brasil o projeto que lhe foi roubado pelo golpe contra Dilma”, afirmou. » Luciano Duque, aliado de Marília, critica Humberto Costa por aliança com Paulo Câmara » Marília alfineta Paulo: Não pode governar olhando o Google Earth » Aliança com PSB seria desmoralização do PT, diz Marília Arraes » Oposição a Paulo Câmara adia lançamento de chapa esperando definição de Marília Arraes » ‘Precisamos sair do isolamento’, diz ala do PT por aliança com Paulo Câmara Marília Arraes começou a viajar pelo Estado no ano passado, em pré-campanha, após o PT anunciar que teria candidato próprio.
Meses depois, com a condenação e agora a prisão do ex-presidente Lula, porém, cresceu dentro do partido a corrente que defende a retomada da aliança com o PSB.
Socialistas e petistas romperam no Recife antes das eleições de 2012, quando o então governador Eduardo Campos lançou a candidatura de Geraldo Julio.
Em 2013, para disputar a presidência, deixou a base de Dilma Rousseff.
Até a semana passada, as discussões com os socialistas eram tratadas como assunto nacional, atribuído a uma aproximação entre os presidentes dos dois partidos, Gleisi Hoffmann (PT) e Carlos Siqueira (PSB).
No último dia 3, no entanto, o vice-presidente estadual do partido, Oscar Barreto, aproveitou a visita de integrantes da direção nacional para apresentar um documento pedindo a aliança com o PSB.
O PT de Pernambuco havia marcado para 12 de maio um congresso para definir se fecharia o apoio a Paulo Câmara ou não e, no caso de candidatura própria, se o nome seria o de Marília Arraes, o do deputado estadual Odacy Amorim ou o do militante José de Oliveira, os três inscritos.
Na última sexta-feira (4), todas as partes entraram em acordo e decidiram adiar a discussão para o dia 10 de junho.