Em falas quase premonitórias, na rádio CBN, Marília Arraes (PT) rebateu falas do governador Paulo Câmara (PSB) em entrevista ao Estadão, no sábado (5). “Eles que se oportunizam e procuram pegar carona, em Arraes, em Eduardo (Campos), em sei lá o que eles acham que é oportuno”, disse Marília em resposta a fala de Paulo Câmara.

Menos de 24 horas depois, uma “bomba” caiu sobre o quadro sucessório em Pernambuco, com a desistência de Joaquim Barbosa em ser o candidato do PSB a presidente, abrindo caminho para uma aliança mais fácil entre o PSB e o PT-PE. “Caso as falas de Marília ontem fossem publicadas como uma resposta ao anúncio de aliança entre o PT-PE e o PSB, iam encaixar perfeitamente”, observa uma fonte política, sob reserva.

Resta agora acompanhar se a fala de Marília, do PSB se “oportunizar” no nome de Lula e do PT, vai se concretizar.

As falas em debate no programa do âncora Aldo Vilela foram, nas suas partes mais polêmicas, foram reproduzidas na coluna de Renata Bezerra, na Folha de Pernambuco desta terça-feira (8).

Veja trecho: “Discussão familista eles têm feito.

Para mim, tá superado” “Agora, meu sobrenome é Arraes.

Tenho muito orgulho de tê-lo e jamais me apropriei disso para qualquer coisa” Nas pesquisas internas que vêm sendo aferidas, o eleitor ainda não vê a vereadora Marília Arraes como candidata do ex-presidente Lula ao Governo de Pernambuco.

Mas parcela significativa relaciona o nome dela ao ex-governador Miguel Arraes, de quem é neta.

O grupo que apoia o projeto majoritário da petista tem realçado esse dado.

Coincidência ou não, em entrevista ao Estadão, publicada no sábado, o governador Paulo Câmara, indagado sobre a divisão na família Arraes, uma vez que Marília está no páreo pelo PT e Antônio Campos filiado ao Podemos, alfinetou: “Dr.

Arraes sempre deixou muito claro que não tinha herdeiros na política.

Eduardo caminhou com suas próprias pernas”.

Ontem, em entrevista à CBN, indagada sobre a referida consideração, Marília devolveu: “Política para mim não é assunto de família.

Se fosse assunto de família, eu não estava no PT, tinha ficado no PSB e estava fazendo o discurso familista, a discussão familista que eles têm feito.

Isso para mim já está bastante superado”.

E emendou: “Agora, meu sobrenome é Arraes.

Tenho muito orgulho de tê-lo, muito orgulho de ser neta de Miguel Arraes, uma das grandes lideranças de esquerda da América Latina, e jamais me apropriei disso para qualquer coisa”.

Marília, então, arrematou: “Se eu estivesse querendo me aproveitar, estava lá com eles.

Mas não.

Estou fazendo debate político no campo em que eu acredito, diferente deles que se oportunizam e procuram pegar carona, em Arraes, em Eduardo (Campos), em sei lá o que eles acham que é oportuno naquele momento”.