Em seminário realizado no Bairro do Recife para discutir o impacto da privatização do Aeroporto Internacional do Recife, o prefeito Geraldo Julio defendeu uma ampla discussão sobre o tema para que se esclareça à sociedade e, sobretudo, ao setor produtivo do Turismo, o modelo de concessão do principal terminal aéreo pernambucano.

De acordo com o prefeito, o modelo de concessão foi alterado e dessa forma o Aeroporto do Recife é o primeiro superavitário a ser leiloado em um lote junto a outros aeroportos deficitários. “Todos os aeroportos que entraram no regime de concessão anteriormente foram leiloados isoladamente, e quando chega a vez do Recife esse modelo muda sem haver qualquer discussão com a sociedade. É preciso ouvir os servidores dos aeroportos e os trabalhadores de toda a cadeia do Turismo.

Quando se fala desse Aeroporto se fala de algo prioritário para Pernambuco”, disse o prefeito Geraldo Julio.

O prefeito destacou ainda o crescimento da movimentação turística em Pernambuco, enquanto o setor acompanhou a crise econômica nacional e decaiu no restante do país. “Durante a maior crise econômica da história, o Recife passa de 4 para 16 conexões internacionais e supera Salvador e Fortaleza na movimentação de passageiros.

Então, é preciso aprofundar esse debate e esclarecer os critérios”, defendeu ainda o prefeito.

O Seminário foi organizado pela Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, por solicitação do vice-presidente do colegiado, o deputado federal Felipe Carreras, que coordenou a noite de discussões realizada no auditório do Museu Cais do Sertão.

O seminário contou com funcionários da Infraero, pelo trade turístico e por estudantes de Turismo.

O evento contou ainda com os secretários de Planejamento do Estado, Márcio Stefani, de Turismo, Esportes e Lazer do Estado, Manuela Marinho, de Turismo, Esportes e Lazer do Recife, Ana Paula Vilaça, os presidentes dos Conventions Bureau do Recife, Martha Freitas, e de Porto de Galinhas, Otaviano Maroja.

De forma unânime, se posicionaram contra a alteração do modelo de concessão individual, como o Ministério dos Transportes estava fazendo até o último ano, para o modelo em lotes, agrupando vários terminais em uma única licitação.

Segundo os painelistas, é impossível que o equipamento recifense receba os investimentos devidos se a empresa vencedora do certame tiver que manter outros cinco aeroportos deficitários, sendo eles João Pessoa, Aracaju, Campina Grande, Juazeiro do Norte e Maceió.

Quem abriu o Seminário foi o deputado Felipe Carreras.

Antes mesmo de começar sua apresentação, ele fez duas críticas à ausência de representantes do Governo Federal, lembrando que foram convidados representantes do Ministério dos Transportes, Secretaria de Aviação Civil, Agência Nacional de Aviação Civil e Infraero. “Nós fizemos questão de deixar o lugar deles vazio, para mostrar como eles desrespeitaram o povo pernambucano, a Câmara dos Deputados e todos os interessados sobre o assunto.

Isso demonstra claramente que o interesse deles é continuar com este processo de qualquer forma, mas não vamos permitir.

Pernambuco não baixa a cabeça.

O povo não vai admitir discriminação com o nosso Estado”, declarou.

Na apresentação, o deputado disse os motivos pelos quais a privatização do Aeroporto do Recife está transcorrendo de “forma errada”. “Alguns pontos são muito claros.

Não existe uma política de aviação para o Brasil.

O que existe é uma decisão política de lotear os aeroportos.

Não tem estudo que demonstre que a mudança é saudável.

Não há equiparação de investimentos no Recife em relação aos que já foram privatizados de forma individual, como Salvador, que está recebendo R$ 2,8 bilhões em investimentos e o Recife, caso este processo continue, vai receber apenas cerca de R$ 800 milhões.

Não existe uma definição concreta sobre o futuro dos funcionários da Infraero.

E vários outros pontos.

Eles estão perdidos e querem drenar o lucro do aeroporto do Recife para manter outros cinco deficitários.

Isso não vamos permitir”, afirmou Carreras.

Representando o trade turístico, Otaviano Maroja destacou que tudo que for feito em relação ao Aeroporto do Recife precisa ser muito bem pensado.

Segundo ele, o equipamento é a principal porta de entrada para Pernambuco, mas também para os Estados vizinhos, como Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte. “É preciso ficarmos atentos ao que estão fazendo com o Aeroporto.

Somos completamente contra a esta forma de privatização e estamos unidos, todo o trade, com o Governo de Pernambuco, a Prefeitura do Recife e o deputado Felipe Carreras contra esta forma de descriminação contra o nosso Estado”, afirmou o presidente do Convention Bureau de Porto de Galinhas.

Ao final do Seminário, o deputado Felipe Carreras confirmou que promoverá uma Audiência Pública no Recife, nos próximos dias, para dar voz ao povo pernambucano que tem dúvidas sobre o assunto.

Todos os órgãos do Governo Federal serão convidados novamente para participar do evento.