Em discurso na Assembleia Legislativa, o deputado Álvaro Porto (PTB), afirmou que o PSB vem assumindo a marca da dubiedade ao tentar se reaproximar do PT após ter negado o legado do ex-presidente Lula em Pernambuco e ter se mobilizado em favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. “Diante da impopularidade do governo Temer, é bem oportuno o PSB fazer de conta que nada tem a ver com o que acontece no país.
E, se for para se afinar com o PT e tirar proveito eleitoral do ex-presidente Lula em Pernambuco, mais apropriado ainda”, ironizou, destacando que agora, dois anos depois, o PSB fala em golpe e tenta impor a marca de golpista em quem justamente esteve ao lado da ex-presidente. “O senador Armando Monteiro que hoje se posiciona como pré-candidato ao governo de Pernambuco foi ministro Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do segundo governo de Dilma.
E, diferentemente do PSB, votou contra a deposição da ex-presidente”, afirmou Porto. “A população acompanhou o que ocorreu e sabe exatamente o papel assumido por cada um dos atores políticos de Pernambuco. “Reportagens, vídeos e áudios que documentam como cada um votou estão aí, na internet, ao alcance de qualquer um.
Em abril de 2016, o partido emitiu nota defendendo a derrubada da ex-presidente, orientando seus deputados federais a votar pelo impeachment e endossando os ataques desferidos contra Dilma pelos adversários.
Além disso, é sabido que o governador Paulo Câmara defendeu o impeachment em encontros que manteve com os deputados federais Bruno Araújo e Mendonça Filho, ambos ex-aliados do PSB.
Os dois relatam encontros com o governador em que o tema foi pauta das conversas”.
O deputado lembrou ainda que, ao responder uma carta em que a Frente Popular do Brasil fazia apelo para que Paulo mudasse de postura e passasse a condenar o impeachment, o PSB chamou de “equívoco” o débito dos pernambucanos com Lula. “O Diretório Estadual disse que os pernambucanos não são devedores do PT pelos grandes investimentos que o estado viabilizou no governo Lula.
E afirmou que empreendimentos estruturadores, a exemplo da refinaria de petróleo e da fábrica de veículos, vieram porque o estado assegurou as condições financeiras e de infraestrutura para que tais projetos fossem implantados”. “Isso reitera só a dubiedade socialista.
Após negarem o evidente empenho de Lula em favor de Pernambuco, eles voltam a admitir o peso político do ex-presidente petista, de olho no reconhecimento do pernambucano ao trabalho de Lula no estado.
O mesmo PT que foi massacrado e anulado pelos socialistas, agora é cortejado pelo Palácio do Campo das Princesas”, disse. “Por isso tudo, está ficando cada dia mais esquisito para o prefeito socialista do Recife, Geraldo Julio, e para o governador Paulo Câmara agirem como se o PSB jamais tivesse negado o legado de Lula e como se eles próprios nada tivessem dito ou feito contra Dilma.
O prefeito, quem não se lembra, ocupou as manchetes ao afirmar que “temos que tirar essa mulher do governo”, se referindo à ex-presidente”.
No discurso, Porto disse que o governador liberou secretários com mandato de deputado federal para votar a favor do impeachment. “Também não assinou nota de governadores do Nordeste em defesa de Dilma e ainda rechaçou a tese de golpe ao afirmar que a aprovação do impeachment na Câmara dos Deputados era prova de robustez e equilíbrio das instituições democráticas nacionais”. “Paulo Câmara e seus aliados precisam definir se houve golpe ou não. “E, se houve, precisam deixar claro porque votaram a favor de um processo golpista que levou Temer no Palácio do Planalto”, disse.
Marília Arraes Em aparte, a deputada Teresa Leitão, do PT, disse que até chegou a pensar que o interesse do PSB em reaproximar dos petistas tinha a ver com o tempo de televisão, prestígio eleitoral e política de Lula.
Mas, segundo ela, estaria bem evidente que o Palácio do Campo das Princesas quer mesmo é retirar a candidatura da vereadora do Recife Marília Arraes (PT) da disputa estadual. “Como Marilia se movimenta mais e aparece (bem) nas pesquisas, eles querem ela fora (do jogo sucessório).
Mas o partido ainda vai definir quem será o nosso candidato, se José Oliveira, (deputado estadual) Odacy Amorim ou Marília”, disse. “Até para pragmatismo tem que existir limites”, disse, dando a entender que o PSB está extrapolando os tais limites ao tentar impedir que Marília se candidate ao governo de Pernambuco.
A deputada lembrou que o sentimento de Paulo Câmara em relação à prisão de Lula fica bem revelado nos filmes dos governadores foram a Curitiba tentar visitar o ex-presidente na prisão. “Eu não vou comparar (o posicionamento de Paulo) com governadores do PT.
Vou citar o governador do Maranhão (Flávio Dino), que é o PCdoB, e da Paraíba (Ricardo Coutinho), do PSB.
Enquanto estes se indignam e fazem referência à prisão política de Lula, uma vez que Lula é um preso político, Paulo Câmara se refere ao cidadão Lula, ao pernambucano”.