Os pernambucanos já conhece esse jogo demagógico, depois da venda da Celpe, quando o ex-governador Eduardo Campos tentou transformar a ex-estatal em inimiga número um dos pernambucanos, em uma espécie de vingança contra Jarbas Vasconcelos e Mendonça Filho que haviam conseguido impedir a venda no final do governo Arraes.

Na busca desta falsa narrativa, útil ao início do seu primeiro governo, até um falsa coluna eletrônica com aliados da academia chegou a ser empinado para fazer o justiçamento das contas (referência implícita à energia).

Era piada, mas muitos incautos cairam.

Os bravos nada falavam sobre o custos dos impostos, federais e estaduais, que ajudavam a encarecer quase metade da fatura final aos consumidor.

Pois bem.

Algo parecido começa a se desenrolar no plano nacional, com a expectativa de venda do sistema Eletrobrás.

O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, aceitou abrir um debate sobre o custo das tarifas de energia elétrica cobrado das pessoas nas contas de luz.

Em reunião com os secretários do MME e de representantes das agências do setor – Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) – o ministro defendeu que um bem essencial como a energia elétrica precisa ter seu verdadeiro custo conhecido pelas pessoas. “Ninguém gosta de pagar um preço que não seja justo”, disse ao citar informações que colocam a tarifa de energia elétrica brasileira entre as mais caras do mundo. “Devemos tomar a iniciativa de fazer um esforço técnico para colocar luz nessa composição tarifária e debater sobre o valor justo a ser cobrado das pessoas.

Por que somos o país com uma das tarifas mais caras do mundo?”, indagou.

Moreira fez referência ao debate que ocorre na sociedade sobre o preço da gasolina e do gás. “Hoje, a Petrobras está quase com uma obsessão de colocar seus preços, usando toda a sua capacidade de comunicação para que as pessoas saibam dos seus preços”, disse.

E se referiu à presença dos impostos nas contas de luz. “Então, no setor elétrico é preciso que ocorra o mesmo movimento, as pessoas precisam saber qual a composição do preço. É necessário que nós também possamos permitir à sociedade que ela discuta por que que, tanto os governos estaduais quanto o federal, são tão presentes na utilização do setor para ver solucionados seus problemas fiscais e de equilíbrio?

Por que alguns estados chegam a cobrar 35%?

Quais são esses estados, qual a razão? É justo ou não é justo?”, indagou, de novo, o ministro.

Alguns dos representantes das instituições presentes fizeram referência aos subsídios – previstos em lei – que são embutidos nos custos das tarifas e atendem a políticas sociais e segmentos econômicos, tais como: promover a universalização do serviço de energia elétrica em todo o território nacional (Programa Luz para Todos); concessão de descontos tarifários a diversos usuários (Baixa Renda, Rural, Irrigante, etc); geração de energia nos sistemas elétricos isolados; pagamento de indenizações de concessões; promoção da competitividade do carvão mineral nacional; dentre outros.

O ministro solicitou aos presentes que buscassem debater tecnicamente o assunto num curto espaço de tempo a fim de fornecer as informações corretas sobre a composição das tarifas de energia que precisam ser divulgadas para toda a população acompanhar.

Ao final, o secretário-executivo do MME, Márcio Félix, destacou que o debate proposto pelo ministro atende ao natural deslocamento de poder que ocorre em direção à sociedade – que quer influenciar nessa e em outras questões – e que precisa de resposta no curto prazo.

Ele propôs um novo encontro entre os técnicos para a próxima semana para discutir um documento técnico que trate do assunto e que possa ser entendido pelas pessoas comuns.