O blog recebeu, através de fontes, documentos do Inquérito 4292, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga suposta propina na obra de construção da Arena Pernambuco.

O Inquérito 4292 está tramitando em sigilo, sob a relatoria do ministro Celso de Melo, decano do STF.

Os investigados neste inquérito sigiloso são o governador Paulo Câmara (PSB), o prefeito Geraldo Júlio (PSB), o deputado federal Tadeu Alencar (PSB) e o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB).

Ao analisar um relatório da Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF) fez críticas à competitividade da licitação promovida pelo Estado de Pernambuco para a Arena. “Ora, como se percebe, uma série de atos impediram o caráter competitivo da Concorrência Internacional n. 001/2009 - CGPE, o que revela um possível jogo de cartas marcadas a fim de consagrar vencedor da licitação o grupo de empresas da Construtora Odebrecht S/A”, declarou o procurador Cláudio Dias, do MPF, nos autos do inquérito em maio de 2015.

Em maio de 2015, o MPF estimou o superfaturamento na Arena Pernambuco em 71 milhões de reais, segundo manifestação do procurador Cláudio Dias nos autos.

Cláudio Dias é o mesmo procurador que colheu os depoimentos da delação premiada de João Carlos Lyra, apontado como suposto dono do avião do acidente do ex-governador Eduardo Campos.

Cláudio Dias é procurador especializado em combate à corrupção no Estado de Pernambuco.

Na época desta manifestação do MPF, ainda não havia sido deflagrada a Operação Fair Play, deflagrada pela Polícia Federal em agosto de 2015, que fez uma busca e apreensão na Secretaria Estadual de Planejamento do Estado, já no governo Paulo Câmara.

A Fair Play foi juntada aos autos do Inquérito 4292, no STF.

Na mira da busca e apreensão da Polícia Federal, em 2015, estava o Comitê Gestor de Parcerias Estaduais, sediado na Secretaria Estadual de Planejamento.

Este comitê, quando o contrato da Arena foi planejado e assinado, tinha como presidente o atual prefeito Geraldo Júlio e como vice-presidente o atual governador Paulo Câmara.

O Comitê era responsável por todas as parcerias público-privadas (PPP) no Estado, forma pela qual a Arena foi contratada.

Na época do Comitê, Geraldo e Paulo eram secretários estaduais de Eduardo Campos, ainda em seu primeiro mandato de governador.

Veja a íntegra do parecer em que o procurador do MPF fala em “cartas marcadas” na licitação da Arena.

O parecer do MPF sobre Arena Inquérito sobre Arena foi aberto a pedido da área de engenharia do Tribunal de Contas A portaria de instalação da Polícia Federal, assinada pelo delegado Felipe Alcântara de Barros Leal ainda em 2014, aponta que o inquérito da Arena Pernambuco foi aberto por provocação da área técnica de engenharia do Tribunal de Contas da União. “A notícia de irregularidades relacionadas à obra de engenharia da Arena Pernambuco no Tribunal de Contas da União (cognição direta ou imediata ou espontânea); Que diante da necessidade se verificar a procedência das informações foi encaminhado pedido ao Setor Técnico Científico desta Regional”, diz o despacho de abertura do Inquérito 4292, assinado pelo delegado Felipe Alcântara de Barros Leal.

O delegado de Polícia Federal abriu o inquérito em 2 de julho de 2014, em Recife.

Segundo fontes na investigação, o inquérito da Arena começou com diligências simples, de ordem técnica de engenharia, só depois ganhando os atuais desdobramentos, sobre suposta “organização criminosa” e suposto “superfaturamento”.