Um grupo de sete partidos da oposição — PCdoB, PT, PSB, PDT, PCB, PSOL e PCO — divulgou documento conjunto sinalizando a união das forças políticas de esquerda nesta quarta-feira. “Em prol de um novo ciclo de democracia, soberania nacional e progresso.
A iniciativa vem sendo construída pelos partidos frente aos últimos acontecimentos da conjuntura nacional, onde a prisão inconstitucional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva representa o auge dessa escalada autoritária que o país vive”.
O lançamento do documento aconteceu nesta quarta-feira (18), no Salão Nobre da Câmara dos Deputados.
A deputada Luciana Santos disse que a Frente formada pelos seis partidos é mais uma oportunidade de mostrar que o Brasil tem destino próprio, é um país rico, de possibilidades, com povo inteligente e inovador. “Os golpistas têm uma grande pedra no caminho, que é o voto.
Nossa resposta mais contundente é a possibilidade de as forças partidárias que estão aqui, tenham a capacidade política de ter unidade de ação e derrotar a direita”, disse a deputada.
Costa Para Humberto Costa, o manifesto seria um chamamento de todos os setores sociais comprometidos com os valores democráticos, a partir de um amplo debate nacional, para mudar o atual quadro sombrio que vive o país. “A retirada de direitos, promovida de maneira acelerada por Temer e sua base parlamentar, é parte de um preocupante surto autoritário, com ataques disseminados principalmente nas redes sociais.
Eles tratam o Estado Democrático de Direito como se fosse apenas um empecilho anacrônico em seu caminho”, resumiu Humberto. “O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes, foi o episódio mais dramático dessa espiral de violência, embora não tenha sido o único, como o atentado contra a caravana do ex-presidente Lula, no Paraná”. “É hora de reunir partidos, entidades da sociedade civil, movimentos sociais, professores, cientistas, operadores do direito, artistas, líderes religiosos, dentre outros, para articular a resistência democrática aos atentados contra a democracia e o estado de direito.
Estamos aqui, com essa ampla frente, para fazer a defesa intransigente das liberdades democráticas, dos direitos políticos, de eleições livres, dos direitos sociais, da soberania e do patrimônio nacional e para o enfrentamento intransigente da violência disseminada pela extrema-direita”, disse.
Os presidentes do PDT, Carlos Lupi, do PT, Gleisi Hoffmann, do PSB, Carlos Siqueira, do PCdoB, Luciana Santos, do PSOL, Juliano Medeiros, e o secretário geral do PCB, Edmilson Costa, além do representante do presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, marcaram presença no ato.
Confira na íntegra o manifesto “O Brasil vive dias sombrios.
A retirada de direitos, promovida de maneira acelerada pelo governo de Michel Temer e sua base parlamentar, é parte de um preocupante surto autoritário.
A violência, o ódio e a intolerância disseminados nas redes sociais, incitados por estratégias de comunicação da mídia tradicional, se arrogam a pretensão de pautar a agenda política nacional, tratando o Estado Democrático de Direito como se fosse apenas um empecilho anacrônico em seu caminho.
O assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, foi o episódio mais dramático dessa espiral de violência, embora não tenha sido o único.
O atentado contra a caravana do ex-presidente Lula, no Paraná, por seu evidente caráter miliciano; e sua posterior prisão, para a qual contribuíram diferentes operadores de direito que priorizaram clamores orquestrados por parte da opinião publicada, relativizando direitos constitucionais que lhe assistem, são fatos gravíssimos.
Tais fatos fazem parte de um mesmo enredo, no qual as conquistas populares obtidas no processo constituinte de 1988 são consideradas excessivas por uma elite conservadora e reacionária, cabendo assim a implementação de um “programa corretivo”, no qual o progresso possa ser desvencilhado da obrigação política de diminuir as desigualdades que ainda assolam o Brasil.
As forças políticas e institucionais que operam a implantação desse programa do atraso querem cravar, na própria legalidade, a prerrogativa de abandonar pelo caminho os mais pobres, destituindo as amplas maiorias sociais do direito à cidadania.
Diante desses fatos, torna-se urgente um maior diálogo entre todos os setores sociais comprometidos com a liberdade, a democracia e os direitos sociais. É hora de reunir partidos, entidades da sociedade civil, movimentos sociais, professores, cientistas, operadores do direito, artistas, líderes religiosos, dentre outros, para articular a resistência democrática aos atentados contra a democracia e o estado de direito.
A articulação desses atores deve se basear em três eixos fundamentais.
O primeiro é a defesa intransigente das liberdades democráticas, dos direitos políticos e de eleições livres.
Os rumores sobre a possibilidade de cancelamento do calendário eleitoral devem ter como resposta a defesa enérgica de eleições democráticas e livres.
O segundo refere-se ao enfrentamento intransigente da violência disseminada pela extrema-direita.
A democracia não pode conviver com milícias armadas, ameaças de morte, atentados ou assassinatos. É hora de dar um basta à violência, atuando em todas as instâncias possíveis, para alcançar e punir os responsáveis por disseminar e incitar o ódio e a intolerância, bem como os responsáveis pelos crimes contra lideranças políticas, que chocaram o país.
O terceiro eixo desta unidade está na defesa dos direitos sociais, da soberania e do patrimônio nacional.
Como já indicamos, a violência disseminada pela extrema-direita e os ataques à democracia compõem um programa político de setores retrógrados das elites econômicas, para as quais a civilização se limita a suas próprias conquistas materiais.
Por isso, enquanto aumenta a violência contra os setores populares e democráticos, cresce também o ataque aos direitos sociais e à soberania, como demonstram as retiradas de direitos como a reforma trabalhista, a tentativa de aprovação da reforma da previdência, de privatização da Eletrobrás, e o relaxamento entreguista das normas de direito ambiental e a implementação de uma agenda econômica rentista que dá total prevalência aos lucros cada vez maiores do sistema financeiro. É hora, portanto, de defender a democracia, com a energia dos que sabem de suas virtudes e estão cientes da ameaça representada não apenas por um programa autoritário, mas por uma plataforma política avessa à civilização.
Os partidos que subscrevem esse manifesto convocam todos os setores sociais comprometidos com os valores democráticos à formação de uma ampla frente social.
Essa frente, que não tem finalidades eleitorais, buscará estimular um amplo debate nacional contra o avanço do ódio, da intolerância e da violência.
Só assim poderemos reconstruir um Brasil soberano e de respeito absoluto ao estado de direito.
Carlos Lupi Presidente Nacional do PDT Carlos Siqueira Presidente Nacional do PSB Edmilson Costa Secretário Geral do PCB Gleisi Hoffmann Presidenta Nacional do PT Juliano Medeiros Presidente Nacional do PSOL Luciana Santos Presidenta Nacional do PCdoB Rui Costa Pimenta Presidente Nacional do PCO”