Acusado pelo vereador Carlos Gueiros (PSB) de ter agido por “interesses próprios” ao não pautar o relatório parcial que propunha mudanças na Lei Orgânica do Recife, o presidente da Câmara, Eduardo Marques, também socialista, negou.

Marques apontou “inconsistências” no projeto e acusou Gueiros de não ter concluído dos trabalhos da comissão especial para o assunto.

Após parlamentares comentarem nos bastidores que o atrito entre os dois seria pela disputa pelo comando da Casa, afirmou que qualquer parlamentar poderá se candidatar e ser votado em novembro.

LEIA TAMBÉM » Gueiros acusa presidente da Câmara de agir por ‘interesses individuais’ » No Recife, vereadores veem briga entre Carlos Gueiros e Eduardo Marques como disputa pela cadeira de presidente Em pronunciamento nessa segunda-feira (16), Carlos Gueiros afirmou que o atual presidente da Câmara não concordava com uma proibição da releição prevista no relatório parcial e, por isso, não teria colocado o assunto em votação no plenário. “Não tem nada disso”, respondeu Marques. “Não pode querer enfiar um documento que não esta regimentalmente correto para o plenário da Casa e sua apreciação ou não.

Eu, como presidente, que devo guardar o regimento interno, não posso de maneira alguma permitir que isso aconteça”.

Questionado sobre uma disputa com o correligionário pela presidência da Câmara, afirmou: “o nosso regimento permite que qualquer vereador se candidate a qualquer cargo da comissão executiva”.

Do plenário, na sessão desta terça-feira (17), em que foi a vez de Eduardo Marques se manifestar, deu pra ouvir gritos, de acordo com relatos dos presentes.

Apesar da confusão, Marques defendeu que o trabalho na Câmara continua da mesma forma. “Se houve qualquer mal estar, faz parte do processo.

O vereador Carlos Gueiros é uma pessoa boa e, como ele disse ontem, somos cristãos”, disse. “A Câmara não terá qualquer dano”. “Não admito leviandades, e quero repelir veementemente atitude tão desrespeitosa e desprovida de politização.

Quem conhece minha história e conhece a minha pessoa sabe que uma acusação neste sentido é fruto da fertilidade mental de quem despropositadamente direciona esse tipo de crítica”, havia afirmado Marques antes, em seu discurso. “Às vezes a vaidade excessiva e a necessidade de autoafirmação trazem consigo um vasto campo para o cometimento de injustiças e de tentativas de desmerecer pessoas e instituições”.

Sem mudanças na Lei Orgânica Marques relatou que ligou em fevereiro do ano passado para Carlos Gueiros pedindo que ele apresentasse um requerimento pedindo a instalação de uma comissão para mudanças na lei que funciona como uma Constituição do Recife.

Inicialmente, foi dado o prazo de 180 dias para os trabalhos do colegiado, depois prorrogado por mais seis meses. “O presidente (Gueiros, que estava à frente da comissão) não conseguiu alcançar o objetivo do requerimento, que era fazer a reforma geral da Lei Orgânica”, rebateu. “Passaram mais 180 dias e o presidente não conseguiu terminar o trabalho da Lei Orgânica, apenas entregou um relatório parcial, mas é necessário o parecer para que seja tramitado.

O que o presidente queria era que eu colocasse em votação um relatório parcial e eu me neguei a fazer porque não estávamos cumprindo o que ordena o regimento interno. houve esse problema e ele não ficou satisfeito e fez aquele pronunciamento ontem”.

Marques ainda criticou a proposta de Carlos Gueiros.

Segundo ele, havia um trecho pedindo a volta do voto secreto na Câmara. “Isso é um retrocesso para esta Casa.

Estamos num momento em que a sociedade deseja toda a transparência dos seus agentes públicos, em quem votam, como, com quem.

Há um parecer da Procuradoria jurídica mostrando a inconstitucionalidade dessa emenda que foi aprovada pelo presidente da comissão.

Era mais uma inconsistência”, opinou.

Nova comissão O presidente da Câmara afirmou que vai chamar os líderes em data ainda não definida, para debater a possibilidade de criar uma nova comissão para mudar a Lei Orgânica. “Uma nova comissão vai fazer tudo novamente, vai começar tudo do 0”, disse. “É um momento muito difícil no ano porque estamos a seis meses de uma eleição que sera duríssima e aqui na Casa têm vários vereadores que são pré-candidatos a deputado estadual, federal e até a senador e governadora”, ponderou.