O dono do avião usado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB) na campanha presidencial contou ao Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF) como teria sido a compra da aeronave, que caiu em agosto de 2014, matando o socialista e mais seis pessoas.
Em acordo de delação premiada, o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho disse que tinha a intenção de abrir uma empresa de táxi aéreo, tendo Eduardo como primeiro cliente, e que o PSB pagaria a locação durante a campanha após a constituição dela, o que não chegou a acontecer.
Lyra ainda afirmou aos procuradores que negociou propina para Eduardo com Aldo Guedes, ex-presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergas), que seria seu sócio na empresa.
Os termos da colaboração de Lyra estão sob sigilo, mas vazaram ao ser compartilhados em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga o ex-senador Vital do Rêgo, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
O empresário prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) no Recife, no dia 17 de janeiro de 2017, quatro meses após ser solto e passar a responder em liberdade à ação da Turbulência, que depois foi trancada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
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O empresário, então, teria conversado com Apolo Santana Vieira - também alvo da Turbulência -, que tinha um avião de modelo Lear Jet 40 que estava parado e poderia ser usado na pré-campanha do socialista e depois explorada comercialmente em uma empresa de táxi aéreo que os dois abririam, tendo como primeiro cliente o presidenciável.
Aldo Guedes (Foto: Michele Souza/Acervo JC Imagem) De acordo com Lyra, o ex-governador chegou a usar o avião de Apolo, mas considerou desconfortável e não quis a aeronave.
Com a intenção de abrir a empresa de táxi aéreo, o empresário passou a buscar outro avião, encontrando em maio de 2014 o Cessna Citation XLS que caiu durante a campanha.
Lyra contou que Eduardo Campos fez um voo como teste e, após aprová-lo, o negócio prosseguiu.
A aeronave foi comprada, segundo Lyra, à AF ANDRADE, empresa que estava com dificuldades financeiras não conseguiu quitar as parcelas.
O valor a ser pago seria de US$ 8 milhões, equivalentes à soma do saldo devedor e às parcelas atrasadas.
Lyra teria tentado transferir o financiamento para uma empresa de Apolo, mas não conseguiu por insuficiência de documentos e, depois do acidente, não pagou mais as parcelas. » Turbulência: PF deflagra nova operação para investigar compra do avião de Eduardo Campos » Empresa investigada em nova operação repassou R$ 160 mil para alvo da Turbulência » Operação Turbulência: MPF recorre ao STJ para reabrir ação » TRF tranca ação penal da Operação Turbulência » TRT-SP diz que acusado na Turbulência pagou salários de pilotos de Eduardo Campos e pede indenização O empresário disse ter acertado com Aldo Guedes o preço da locação, de acordo com ele, de R$ 26 por quilômetro rodado.
O documento relata “que o colaborador ficou encarregado de adotar as providências para constituir uma empresa de táxi aéreo; que as despesas referentes ao uso da aeronave pela campanha de Eduardo Campos seriam pagas, depois da constituição dessa empresa de táxi aéreo, pelo Partido Socialista Brasileiro - PSB; que não houve tempo para constituição da empresa de táxi aéreo nem para o recebimento de qualquer valor do partido, vindo a ocorrer o acidente em que Eduardo Campos faleceu”.
Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Foto: Tânia Rêgo/ABr - Foto: Tânia Rêgo/ABr Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) - Imagens mostram buscas pelos destroços do avião e pelos corpos em Santos, no dia do acidente (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil) Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil Lyra afirmou ao MPF que a empresa de táxi aéreo seria uma sociedade entre ele, com 25% de participação, Apolo, com mais 25%, e Aldo Guedes, que teria 50%.
O delator conta que foi o responsável por fazer os primeiros pagamentos do avião, referentes às parcelas em atraso.
Depois disso, para pagar o financiamento, ele teria transferido valores para a antiga dona da aeronave por contas pessoais; da Câmara & Vasconcelos, empresa citada no inquérito; de Eduardo Freire Bezerra Leite, seu sócio informal e também alvo da Operação Turbulência; de outras empresas; e até do filho do ex-deputado Luiz Piauhylino (PDT-PE), que tem o mesmo nome do pai e é seu meio-irmão.
Segundo Lyra, só Eduardo Leite sabia que o dinheiro seria usado na compra de um avião.
O Palácio do Campo das Princesas e o PSB nacional afirmaram que não iriam se pronunciar sobre as declarações de João Carlos Lyra.
A defesa de Aldo Guedes também disse que não vai comentar.
A defesa de Aldo Guedes também disse que não vai comentar.
O TCU respondeu que “o ministro desconhece o empresário citado, assim como a delação mencionada”.
O Blog de Jamildo entrou em contato com a assessoria de imprensa e da OAS por email, mas ainda não obteve retorno.
A da Mendes Júnior não atendeu as ligações.
Leia trecho do termo de delação do empresário João Carlos Lyra from Portal NE10 Leia o termo de delação do empresário João Carlos Lyra from Portal NE10